Quando em 14 de setembro utilizei este blog para denunciar a realidade de nossas “ruas de barbárie e genocídio” eram “somente” 15 os mortos.
Agora, após a vergonha alagoana ser exposta no Fantástico, já são mais de 30 moradores de rua assassinados em nossa capital.
Repito a pergunta: quantos serão até 31 de dezembro?
Repito o apelo: queira Deus e queiram os homens que o ímpeto dos assassinos se apequene.
Como afirmei neste blog em 21 de outubro, representando a OAB, eu e o advogado Gabriel Ciríaco Lira estamos acompanhando as investigações destes homicídios. Nossa missão, já em curso, é de nos reunir com as autoridades alagoanas exigindo posicionamento.
Queremos apuração e punição para os devidamente indicados como culpados, sejam mandantes, sejam executores. E se necessário iremos acionar judicialmente os governos estadual e municipal, a fim de que estes cumpram sua tarefa elementar: garantir condições de vida a estes, sim, cidadãos brasileiros.
Este descalabro da cidadania que se passa nos becos, avenidas e esquinas maceioenses, para além de abjeto, para além de repugnante, é indicativo de que em Alagoas impera a banalização do significado da Vida.
Mata-se por pouco, ou por quase nada, quando não se deveria nunca matar.
Crimes encobertos pela leniência e covardia de nossos governantes, pela debilidade de nosso aparato policial, pela falência de nossas políticas socioculturais e educacionais, pela nossa perversa distribuição de renda e riquezas.
Estes bárbaros homicídios de homens e mulheres indefesos expõem o nível limítrofe ao qual chegou nossa vulnerabilidade, nossa insegurança, nossa apatia.
Até quando vamos aguentar, calados e cordeiros, a falta de ação e de pulso de nosso poder público?
Esperaremos até a próxima manchete nacional? Até a próxima equipe de rede de televisão? Até o próximo vexame exibido para o Brasil e para o mundo?
Utilizemos mais este triste e inaceitável episódio em sua carga pedagógica. Evitemos desde já novas chacinas, mas aprendamos com este que cabe a nós, coletivamente, não mais aceitar o massacre que se passa nas ruas de Maceió.
Como? Inicialmente e ainda, sem barricadas, sem piquetes.
E sim nos reunindo em nossas escolas, faculdades, igrejas e demais templos religiosos, associações comunitárias e de classe, sindicatos, rodas de amigos... bares, festas, reuniões, jogos de futebol, ruas, praças e avenidas.
Todos, juntos, fazendo a reflexão coletiva sobre o futuro de nossa sociedade alagoana e ecoando um grito vigoroso de cobrança conjunta pelo fim desta selvageria.
Caso não aprendamos, definitivamente, com este danoso exemplo, cairemos em mais um círculo vicioso e de resultados imprevisíveis.
Ontem foram os filhos dos outros.
Lutemos para que, amanhã, não sejam os nossos.
Queremos e merecemos isto.