Muitos me perguntam sobre as questões políticas em Alagoas. Queria me manifestar mais, pois sou cobrado por isso o tempo todo. Mas, como já disse por aqui, a política em Alagoas me atrai muito pouco, pois a ideologia passa longe. Como sabem, sou um sujeito que gosta de discutir valores políticos e não somente estratégias para manter o poder. Maquiavel é importante, mas não me inspira.

No caso dessas eleições, especificamente, houve também uma questão profissional. É que participei, ainda que de forma consultiva, da campanha de Ronaldo Lessa. Escrevi um parecer jurídico sobre sua situação com relação à questão da inelegibilidade e da lei do “ficha limpa”. Participei, portanto, ainda que com pequena contribuição, da vitoriosa empreitada enfrentada pelos advogados Marcelo Brabo, Daniel Brabo, Helder Gonçalves e Luiz Guilherme Lopes. Ronaldo Lessa, como eu disse, não era inelegível. Sendo assim, a pouca empolgação com a campanha em Alagoas e minha participação como advogado me impediram de declarar voto para governador.

Mas não posso negar que o governo de Teotônio vem fazendo importante avanços. Entre eles a manutenção de um governo com responsabilidade fiscal e que investe pouco em políticas populistas. Mesmo com tantas dívidas, o Estado parece estar organizado, tocando importantes obras e atraindo investimentos. É isso que, no âmbito de um Estado pobre como o nosso, um governador pode fazer. Economizar para gastar com o que interessa para atrair investimentos.

Enquanto alguns comemoram a maciça presenta de recursos provenientes de benefícios assistenciais na economia de Alagoas, eu fico triste com isso. Nosso Estado precisa de infraestrutura e educação para atrair investimento privado, que é o que efetivamente reduz a pobreza. De nada adianta o Estado depender do bolsa-família ou de benefícios previdenciários. Isso é a prova da nossa derrota. Nesse ponto, acho que o governo Teotônio está trabalhando bem, usando os recursos da melhor maneira possível.

No fim das contas, então, foi boa sua reeleição para o Governo do Estado. É a continuidade de um projeto que vem trazendo importantes resultados. Porém, nem tudo são flores. A segurança pública, um desses pilares do desenvolvimento (onde há insegurança, empresários tendem a investir menos), vem tendo um resultado patético. Somos um Estado violento com uma capital mais violenta ainda. Sinceramente, esse desafio é um dos maiores desse governo, que avançou muito pouco nessa área.

Agora, o governo tem que lidar com a exposição de sério problema. Vários moradores de rua mortos e a polícia não tem ainda nenhuma resposta para dar. A falta de resposta provoca o clima de caos e as acusações de que um grupo de extermínio estaria atuando em Maceió. É cedo para dizer, mas mesmo se for comprovado que se trata de uma série de crimes envolvendo tráfico de drogas, a posição da segurança pública em Alagoas continua delicada.

Por fim, posso dizer que, apesar da reeleição de notórios políticos envolvidos em graves crimes, gostei da eleição de dois nomes em que votei, como o do Deputado Rui Palmeira e da Deputada Thaise Guedes. Novas cabeças que podem fazer a diferença por Alagoas. Fizeram uma campanha baseada em propostas e ambos representam uma nova forma de fazer política. Pelo que tomei conhecimento de suas ideias, parece que vão fazer bonito nos seus mandatos. É esperar para ver.