Amigos, estou completando cinco anos de guarda compartilhada e tenho que contar para vocês: como é bom! Sentir que está fazendo parte de verdade do crescimento do seu filho é uma dádiva. E uma das conclusões desse período é que a cada dia fica mais fácil. Quero compartilhar algumas verdades que aprendi ao longo desses tempos.

Quem acompanha meu blogue sabe que falo disso faz tempo. A cada nova experiência uma nova dificuldade, sempre superada. No início, as dificuldades com uma criança novinha. Como lidar com a ausência da mãe? Percebi que com o fim da amamentação, a convivência na casa do pai é perfeitamente possível. Desde os 7 meses meu filho dorme na minha casa e isso foi essencial para seu crescimento. Então, esse mito de que criança nova não pode conviver longe da mãe é mais uma conversa fiada machista.

Depois, vieram as questões ligadas à escola. Alguns diziam que a escola inviabiliza a guarda compartilhada, pois a criança estaria sem ambiente próprio para desenvolver as atividades como tarefas e estudos. Tudo superado também. E o acompanhamento pode muito bem ser integrado. Pai e mãe podem acompanhar as tarefas e o desenvolvimento escolar. Isso não deve é ficar a cargo apenas de um dos genitores.

As escolas também se adaptam. Falam com pai e mãe, mandam comunicado para pai e mãe. Elas entendem que a criança tem dois lares. É importante a escola saber lidar com isso. Quando a criança vai desenhar a sua casa numa atividade escolar, deverá escolher uma? A professora precisa conhecer a realidade e entender que a criança tem duas casas. Meu menino pintou a família dele com meio mundo de gente e em duas casas!

Depois desses cinco anos percebi ainda mais claramente a impropriedade de uma das maiores críticas que algumas pessoas ainda manifestam sobre a viabilidade da guarda compartilhada. É aquela história da existência de divergência entre regras de comportamento na casa do pai ou da mãe. Assim, se pai e mãe tratarem diferentemente o filho, ele poderia “não entender” qual a regra deve obedecer.

Amigos, a criança se adapta. Ela sabe as regras que deve obedecer na casa do pai e na casa da mãe. Se a mãe é mais liberal e o pai é mais duro, ele se comporta de acordo com cada uma das regras. Isso, ao contrário do que se diz, é muito bom. É boa a divergência. Ela permite a construção do caráter sem imposição de apenas uma visão de mundo. Além do mais, essa divergência pode existir com pais vivendo juntos, ora!

Na verdade, a criança é um ser humano em desenvolvimento e se adapta ao meio facilmente. Essa diferença de tratamento não pode ser absoluta, é claro. Mas é perfeitamente possível que a criança conviva com pai e mãe alternadamente mesmo quando eles têm personalidades diferentes no tratamento da educação básica da criança.

Mas há um ponto que realmente me incomoda. É a saudade. Quando deixo meu menino na casa da mãe dele (e às vezes ele chora ou fica chateado) fico muito, mas muito triste. Não passo isso para ele, pois tento tratar isso com a maior naturalidade.

Nesse ponto, uma questão importante se impõe. A criança, quando vai crescendo, vai “escolhendo” a casa que ela mais “gosta”. Seja lá por que razão for, a criança pode começar a reclamar e passar a querer determinar onde ela vai ficar. Os pais têm que ser fortes e não permitir que a criança escolha. Não é ela quem decide. Seu direito de convivência com ambos os pais é absoluto e nem ela mesmo pode decidir diferentemente. Às vezes é só manha de criança. Se os pais se mantiverem firmes, vão lidar com isso de forma natural e a criança vai poder, no futuro, dizer que teve pai e mãe sempre presentes.

Para terminar, concluo que a minha tese sobre o assunto permanece de pé. Todas a restrições à guarda compartilhada com alternância de lares ou é manifestação preconceituosa e machista ou é valorização de bobagens em detrimento do mais importante: o direito fundamental da criança à convivência com seus pais.