A vitória de Dilma Roussef representa muitas coisas. Entre elas a expectativa de continuidade nos eleitores de todas as camadas. Com um governo bem avaliado e a economia indo bem, eleitores escolheram manter o rumo. Isso mostra estabilidade das instituições. Na superfície, realmente estamos conseguindo manter o rumo. Penso, como todos sabem, que isso se dá apesar do PT e não por causa dele. Mas 55% dos eleitores não pensam assim. Paciência.

Mas há também outros pontos a ressaltar. Entre eles a agressão ininterrupta de nosso quase ex-presidente Lula à lei e à moral democrática. Fez tudo de legal e ilegal para enaltecer sua candidata. Desconhecida, Dilma precisou mesmo deste apoio que reforçou demais a ideia de continuidade. Mostrou que não tinha ideias próprias e aderiu ao terrorismo petista sobre privatizações e a divisão entre pobres e ricos. Logo ela que sabe que precisará privatizar muito ainda. Desde estradas até a Infraero.

Mas isso não é tudo. Coisas boas saíram também desse processo eleitoral. A expectativa frustrada de vitória no primeiro turno provocou a ira dos petistas mais radicais e mostrou ainda mais a sua face autoritária. E o que há de bom nisso? Renasceu na oposição a importância de defender seu legado. A defesa das privatizações do governo FHC e de vários avanços democráticos passou a ser pauta da campanha. Também foi boa a polarização de valores. Ficou clara a defesa, pelo PT, dos métodos do MST e da politica externa brasileira, antiamericana e conivente com ditadores e violadores dos direitos humanos. O PT foi mais exposto do que no primeiro turno, onde, pautada pela imprensa e com medo de Lula, a oposição fez uma campanha morna e sem valores políticos. As simpatias autoritárias do PT foram finalmente mostradas pela campanha, ainda que de forma tímida.

É claro que a campanha tucana foi fraquinha, fraquinha. Evitaram atacar Dilma e ficaram num trololó danado sobre obras e mais obras. Sequer usaram o vídeo em que Dilma defende o aborto! E os petistas ainda acusam baixaria...

Por fim, a vitória com 10 pontos de diferença mostrou que a popularidade de Lula não significa uma licença para fazer o que quiser. 44% dos eleitores brasileiros escolheram outro caminho, a despeito de sua ordem. Além dos oito governos estaduais do PSDB (entre eles, Alagoas) e do fato de que os maiores colégios eleitorais estão com a oposição. Isso é muito importante!

Agora é hora de vigiar a democracia. Dilma assinou programa contendo a defesa do aborto, da legitimação de invasão de terras e da censura aos meios de comunicação. Somente com a pressão dos aliados é que voltou atrás e desistiu do documento. Será que somente os aliados nos salvarão dos radicais do PT? Essa é a pergunta que eu deixo para aqueles que estarão na oposição no próximo governo. Com as bençãos de 44% dos eleitores brasileiros.