Um bom governo se faz com vontade, inclusive política. Com honradez e honestidade e com muita disposição para o trabalho. Também com bom senso, sentimento de justiça social e projetos de qualidade, sobretudo, concretos e executáveis, além de equipe qualificada e com condições de atuação. São ingredientes básicos da receita do governar.

Mas um bom governo também se faz com dinheiro. Sim, não sejamos hipócritas. É necessário ter, gerar, captar, racionalizar o uso para os investimentos e conter a sangria, ou por desperdício ou por corrupção, dos recursos públicos oriundos do bolso sofrido dos contribuintes. Não sejamos pueris neste quesito.

Alagoas tem fome, miséria, violência, analfabetismo, prostituição, tráfico de drogas, crimes de mando e de desmando, infra-estrutura precária, desemprego e saúde sempre enferma. Como se resolve isso: com os itens citados no primeiro parágrafo e com o capital citado no segundo.

Simples!

Nesta reta final de campanha, os dois candidatos ao governo do Estado esbravejam possuir tudo, e algo mais, entre os elementos citados inicialmente. Mas nenhum, em nenhum momento nesta campanha, ao menos entre os muitos instantes que acompanhei, disse de onde virão os muitos reais necessários para trazer dias melhores para nossa gente.

E os dois, acintosamente, sequer citam em seus programas de governo – quando estes existem – nossa “mazela mãe”: a dívida de quase R$ 7 bilhões de reais do Estado de Alagoas, que faz minar a já carcomida capacidade do tesouro estadual.

Nossa “mazela mãe” é vítima de uma covarde negligência na televisão, no rádio, na internet, nos debates, comícios, caminhadas, nas propostas de gestão.

Devemos, não sabemos e pagar não poderemos!

Como solucionar os graves problemas e atenuar os profundos impasses de nosso Estado diante de uma dívida assombrosa, que faz parcela da já sofrível arrecadação alagoana de tributos ser destinada aos cofres da União e dos demais credores estatais.

Documento da Secretaria do Tesouro Nacional indica que a dívida consolidada de Alagoas, hoje, é de algo em torno de R$ 6,3 bilhões. Sergipe deve R$ 1,3 bilhões e Pernambuco R$ 4,2 bilhões.

Tudo bem, na região Nordeste perdemos para a Bahia, que deve R$ 8,8 bilhões. Mas um comparativo entre Alagoas e Bahia, em termos de arrecadação, presença do investimento estatal e capacidade de endividamento, é inviável social, fiscal, político e matematicamente.

E, para completar, levamos uma “surra” do Ceará, que deve “franciscanos” R$ 1,1 bi.

Como esta dívida será paga?

Ao peso de qual nova modalidade de arrocho, ajuste fiscal, programa de restruturação ou qualquer outro nome que a burocracia no comando da Secretaria da Fazenda adote na futura gestão eleita?

Retirando recursos de onde para colocar onde, se é que isto é possível?

Renegociando com a União, credor número 1?

Exigindo moratória?

Pleiteando novos indexadores de reajuste, mais justos?

Nossos candidatos se esquivam desta discussão. Talvez porque, acostumados à lamentável pequenez e infantilidade do debate político imperioso nestes tempos sombrios, prefiram ilustrar suas campanhas com imagens e estratégias de marketing quem enchem telas.

Estratégias verborrágicas, evasivas e muitas vezes ocas, que esvaziam barrigas, aviltam consciências e destroem futuros. Quando não maniqueístas, impondo um esquema de mocinho-vilão, vilão-mocinho, demente face às nossas inadiáveis inquietudes.

Precisamos, enquanto sociedade, amadurecer para cobrar, com propriedade, respostas reais a nossos problemas reais. Enquanto “navalhas”, obras imaginárias e indignações falaciosas dominam a campanha, nossa “mazela mãe” engorda e procria.

Por fim, um apelo: Ronaldo e Teotônio, a eleição é domingo e os senhores devem esta explicação a nossa sociedade. Ainda há tempo!

O documento da Secretaria do Tesouro Nacional está à disposição neste link. Basta clicar ou copiar o endereço abaixo:

http://www.tesouro.fazenda.gov.br/lrf/downloads/financas_estaduais_divida_liquida.pdf