Para muitos, hoje é o dia do fim da chatice, da empulhação e da baixaria.

Para outros tantos, hoje é o dia do fim do mecanismo de manipulação da opinião pública e da construção de irrealidades marqueteiras sob o impulso do poder econômico.

Para uns, hoje é o dia do fim de um espetáculo ridículo e vexatório protagonizado por uma maioria de gaiatos e fanfarrões.

Para inúmeros, hoje é somente o dia a sinalizar que amanhã a novela começará mais cedo.

Afinal, hoje, quinta-feira, 30 de setembro, é o último dia e exibição do horário eleitoral de propaganda gratuita na TV, e também no rádio.

Para mim, hoje é o dia de fazer um balanço e somar elementos à decisão que tomarei frente à urna eletrônica no próximo domingo dia 3 de outubro.

Portanto, hoje é um momento cidadão, acima de tudo.

Muitos criticam o guia eleitoral. Muitos o veem como instrumento de maniqueísmo inútil, de embuste, de exposição ególatra por alguns, cínica por outros, covarde ou sarcástica por vários.

Mas, pensemos: os programas de radio e TV, assim com as inserções de propaganda que invadem a programação ao logo do dia, são oportunidades que temos para melhor, ou pior, conhecer os homens e mulheres que querem governar e legislar pelos próximos 4 anos.

Assim, o guia tem, e muita, utilidade.

Ele poderia ser melhor? É claro! Ele poderia deixar de ser por vezes palco de vilania? Naturalmente! Ele poderia ser mais bem utilizado por candidatos e partidos, em termos de apresentação de propostas e idéias, mesmo com uso de certa dose de humor? Inegável que sim!

Por isso que não é produtiva a postura de simplesmente repudiar, boicotar ou criticar sem fundamento o guia eleitoral.

Evitar assisti-lo é um direito. Agora negá-lo enquanto instrumento de informação pública de relevância é nocivo à democracia, ao menos na forma como esta se configura atualmente no Brasil.

Se os programas são grotescos, mentirosos ou caricatos e vazios, devemos nestes nos mirar para negar nosso voto nos candidatos que na TV e no rádio divulgam inverdades, tentam manchar a honra dos concorrentes ou zombam com desrespeito de um tema como as eleições, tão central em nossa sociedade.

A propaganda assim teria seu efeito. Só que reverso.

Justo e merecido!

Lembremos a lição de leitura ofertada por Bertolt Brecht: “o pior analfabeto é o analfabeto político”.

Traçando um paralelo, a cegueira ou a surdez proposital e rasteira quanto ao guia de rádio e TV pode ser, quando baseada no senso comum, uma ação lamentável executada por quem é iletrado em termos de consciência cívica e social.