Um museu de grandes novidades! Esta é a sensação que tive ao ver, pela primeira vez nesta campanha, os candidatos a governador discutirem, juntos, suas propostas de campanha. Ou se atacarem mutuamente em um espetáculo grotesco, por vezes calunioso, que quando assim o é pouco de produtivo traz para nosso estado, para nossa gente.

Havia prometido a mim mesmo não comentar este momento do debate, que deveria ser de consciência política, mas acabou por quase se transformar em circo de horrores. Mas para além de virtudes, vícios e mazelas próprias de cada candidato, há uma reflexão que merece ser feita e que pode ser extraída do espetáculo bufão do debate promovido pela TV Pajuçara (aliás, parabéns a emissora, inclusive pela transmissão pela Internet!).

Ontem a noite, tarde da noite, em meu carro, sintonizei uma estação de rádio e lá estava o fantástico Cazuza, perda prematura e irreparável para nossa cultura. Pois bem, a canção era “O Tempo Não Para”. “Eu vejo o futuro repetir o passado/Eu vejo um museu de grandes novidades/ O tempo não pára”. E ao ouvir a canção, veio-me o estalo: é isso. Em Alagoas, o tempo não para, embora o futuro teime em repetir o passado.

Em que sentido? No sentido de que os candidatos mais bem colocados nas pesquisas eleitorais – Fernando Collor, Ronaldo Lessa e Teotônio Vilela Filho, citados aqui em ordem alfabética a fim de evitar qualquer ilação sobre preferências minhas – representam um museu de grandes novidades. Suas falas, atualizadas por marqueteiros ou até mesmo por convicções próprias, salvo algumas exceções, são todas novidades do passado. São, não raro, novas e iguais em negligência, leviandade e inanição secular.

Ou seja, acusações recíprocas, promessas ilusórias que potencialmente não serão cumpridas, verborragia e indignação para as câmeras, somente para elas. De concreto, só o saldo de que estas mesmas pessoas ocupam o cenário do poder local desde há, no mínimo, 20 anos. E Alagoas, mesmo com estes personagens no poder, continua com os piores indicadores sociais do país. O futuro parece repetir o passado, mas o tempo em Alagoas, e universalmente, não para!

Um museu de grandes novidades! Lamentável para nosso estado. Não prego o voto nulo, e sim o voto com consciência e análise histórico e crítica. Somente inverteremos este ciclo hoje de calamidade quando novas lideranças, não em idade biológica, mas sim em idade de argumentos e ações, apresentarem–se aptas a alterar este quadro. Que o próximo governador abandone o passado de inércia! Que a flecha do tempo, possa enfim, prosseguir seu rumo em Alagoas.