A discussão sobre o número da tragédia social em Alagoas, que é usado para reforçar o discurso-eleitoreiro, me faz lembrar o ensinamento popular que diz assim: político que não é cara-de-pau não prospera.

Dito e feito.

Eu ouço os candidatos falarem sem o menor constrangimento; e eles falam como se não fossem responsáveis por essa tragédia, como se nada tivessem a ver com isso.

Mas tem sim.

O IBGE divulgou que Alagoas tem o maior índice de mortalidade infantil do País; são 46 óbitos por cada mil nascimentos.

Besteira! A tragédia já foi muito pior. Em 2000 eu fui fazer uma matéria em São José da Tapera – onde o UNICEF detectou índice de mortalidade infantil semelhante às paupérrimas regiões africanas.

O gancho da matéria foi “o cemitério de anjinhos”. Em São José da Tapera o índice de mortalidade infantil atingiu 70 óbitos por mil nascimentos, e só foi reduzido graças a atuação da Pastoral da Criança, da Igreja Católica, e da ONG Visão Mundial.

O Estado não contribuiu com nada; a ONG Visão Mundial trouxe dinheiro de doadores alemães e não precisou do governador.

Em 2000, Alagoas tinha o índice de mortalidade infantil de 65 óbitos por mil nascimentos. Hoje, são 46/1000.

É alto? É, claro. Mas, a tragédia já foi muito pior.

E isto porque a desgraça se abateu em Alagoas há 20 anos! O professor, PhD em Economia, Cícero Péricles, cunhou com propriedade a frase sobre os anos 90 – que para ele é a “década perdida”.

Há 20 anos Alagoas perdeu o prumo e a vergonha, e não dá para acreditar que possa reencontrar o prumo e a vergonha com quem lhe tirou do prumo e lhe fez passar vergonha.

Dá?

NB – Agradeço à Royal Consultants o souvenir sobre a Cultura Japonesa, que está em exposição no Maceió Shopping até sexta-feira, 26. Imperdível mesmo!

E agradeço também o vídeo sobre a vaquejada em Floresta-PE, que me foi enviado pelo companheiro Pedro Fidelis, e aproveito para homenagear os Roldão, de Itaíba-PE, pai e filho – que são exímios pegadores de boi bravo soltos na caatinga. E nada melhor que homenageá-los com os versos da dupla alagoana Aguiar e Olavo Silva (Gravadora Gogó da Ema Disco). Lá vai:

Pega o boi, esteira
E passa o rabo pra mim.
Eu vou pegar pra valer
Ouvir o povo dizer:
Vaqueiro bom é assim.

Se for um touro pesado
Vaqueiro que arrocha gado
Diz esse boi não é ruim.
Eu dou no primeiro cal
A massa grita legal:
Vaqueiro bom é assim.

Bom final de semana para todos. Ah, ia esquecendo de avisar que pra semana está chegando a nossa prima. Vera.