No feriado do 7 de setembro eu e o jornalista Eduardo Cardeal conversamos com o deputado estadual Marcos Barbosa (PP) – que se mostrava indignado com a denúncia contra ele.
De fato, a denúncia contém erros primários que levam a acreditar em armação em ano eleitoral; dois dias antes da denúncia, o deputado tinha-se recusado a apoiar uma candidatura majoritária.
A denúncia é de que o deputado estava adquirindo donativos do Corpo de Bombeiros, destinados às vítimas das enchentes, para usá-los como moeda eleitoral.
É denúncia séria, sem dúvida, e o caso é grave de for verdadeiro. Mas, os erros primários na denúncia deixam duvidas atrozes. Vejamos:
1) A denúncia é anônima, mas foi endereçada a uma autoridade previamente escolhida, e depois repassada a um órgão de imprensa – e não à imprensa em geral.
2) De ordinário, as denúncias são encaminhadas às instituições e não a um integrante previamente escolhido. Por exemplo: quem denuncia alguma coisa à Polícia Federal o faz à instituição e não diretamente a um delegado.
3) Denuncia com endereço certo da autoridade pode ser armação.
4) Sendo anônima, a praxe é não dar publicidade à denúncia antes da apuração. Mas, deram.
O mais grave é que a denúncia anônima envolve o Corpo de Bombeiros, uma instituição que presta relevantes serviços à comunidade e merece todo o respeito. Na denúncia anônima cita-se a instituição, mas não se identifica o integrante que estaria cometendo a irregularidade.
Trata-se, sem dúvida, de um caso para a Polícia Federal apurar; o deputado Marcos Barbosa tem o suspeito de ter tramado o golpe e a suspeita de ter redigido o que ele acredita ser ignomínia.
Mas, aí eu aproveitei a conversa e perguntei ao deputado:
Se não foi o senhor que mandou matar o líder comunitário Baré-Cola, então quem foi?
- Não sei. Só sei que eu não matei nem mandar matar ninguém e, graças a Deus, estou provando minha inocência na Justiça. Graça a Deus o caso está nas mãos de um homem de bem, que já ouviu os próprios parentes do Baré-Cola dizerem que eu não tenho nada com esse crime.
- Então, quem foi? Insisti.
- Eu não sou policial, não sou delegado nem posso me defender acusando ninguém. Se a polícia investigar direitinho vai saber quem mandou matar.
Pois é; fica aí a questão em aberto. Quanto à denúncia sobre aquisição de donativos às vítimas das enchentes, o deputado Marcos Barbosa pediu para a Polícia Federal apurar. E sugere ao comando do Corpo de Bombeiros fazer o mesmo, porque o nome da instituição foi “irresponsavelmente usado”.
O que os amigos internautas acham?