Na década de 60 o paraibano Sandoval Caju representava um sério problema para a oligarquia política alagoana – que via nele a reedição do pernambucano Muniz Falcão.

Cada um com sua peculiaridade, mas ambos com perfil populista. Muniz foi delegado regional do Trabalho e se tornou ídolo dos trabalhadores – que lhe elegeram deputado federal e depois governador, na década de 50.

E Sandoval fazia a cabeça dos ouvintes; ele era radialista com fortíssima penetração popular e se elegeu prefeito de Maceió. E teria sido governador se algo de tenebroso não acontecesse em 1964.

E o golpe de 64 tratou de enterrar os fantasmas que rondavam e fustigavam o pensamento da oligarquia.

Forjaram provas e cassaram o prefeito Sandoval Caju; e Muniz Falcão venceu a eleição direta em 65, mas não levou; de última hora arranjaram o argumento de que ele não havia obtido a maioria dos votos – ainda que disputasse o governo com dois outros fortes candidatos.

Muniz Falcão e Sandoval Caju são partes da história política de Alagoas como acontecimentos raros.

E essas raridades da política alagoana, algo como fenômeno, foi aumentada com o histórico do prefeito Cícero Almeida – nunca na história política do Estado se viu algo igual; se viu um político com carreira tão meteórica e aprovação tão alta.

O prefeito Cícero Almeida é tudo isso aí, como nunca aconteceu antes.

Junte-se a isso que o prefeito é de origem humilde e teremos o fato raríssimo de ser Cícero Almeida o único em condições de assumir a herança de Muniz Falcão e de Sandoval Caju – que, ao contrário do que se pensa, é um eleitorado que passou de pai para filho, pois fenômeno não morre jamais.

Mas, o prefeito precisa entender que o pior para ele, nessas eleições, é ir pescar – que é seu novo hobby.

A pescaria no mar pode até ser boa e render muitos peixes, mas, em 2014, o anzol para os votos pode estar enferrujado e se partir. Em 2014, o eleitor pode não entender mais o prefeito – que não deve estar pensando em ser vereador, e sim trabalhar para eleger o sucessor.

Trocando em miúdos: o prefeito Cícero Almeida tem dois caminhos a seguir:  1) se engajar na eleição para lembrar ao eleitor que ele ainda decide; 2) esquecer a candidatura para governador, se ficar omisso.

A diferença entre o prefeito Cícero Almeida e Sandoval Caju é que este foi atingido pelo golpe de 64, e Almeida, com a hesitação, ele mesmo prepara o golpe contra si.

E quem Almeida deve apoiar para governador?

Elementar, meu caro Watson! Almeida deve apoiar quem não lhe faça sombra em 2014. Senão, ele arruma sarna pra se coçar.

É ou não é? Está todo mundo perguntando: cadê o Ciço? E uma voz lá longe, quase inaudivel, responde  fraca: está trabalhando, que o cabra é bom de serviço...

Eu sei que é, mas é preciso dar força e eco à resposta.

NR – Nesta terça-feira, 31, é o Dia do Blogueiro e aproveito para agradecer ao jornalista Wadson Régis – que me fez o primeiro blogueiro do Estado, e a Monique, esposa dele, por ter batizado de Blog do Bob. E, ao Henrique, dono da ID5, por ter sido o primeiro a fazer comentário no blog. Aos internautas que me honram com a leitura e os comentários os meus sinceros agradecimentos – com o pedido de desculpas àqueles a quem involuntariamente desagrado.