Leio no blogue do Josias:
“Ficou no zero a zero o primeiro debate presidencial da sucessão de 2010, promovido pela TV Bandeirantes. Ninguém saiu de campo contundido. E nenhum candidato fez um golaço capaz de levar a arquibancada a trocar de time. Melhor para Dilma Rousseff. Ruim para José Serra. Por quê? A oposição alardeara durante meses que, nos debates, Serra faria picadinho da rival”.
É difícil não confundir torcida com análise num texto como esse. O cabra dizer que Dilma não foi esmagada tudo bem, mas dizer que ela “empatou” com Serra e Marina já é um pouco demais, não é? Essa história de que Serra entrou como favorito e se esperava dele “fazer picadinho” de Dilma é retórica de petistas para atenuar a pífia performance dela em debates.
Faço a minha análise do debate e os leitores digam o que acham.
Achei que Serra deveria ter enfatizado mais vários pontos que o distanciam de Dilma. Apesar disso, ele foi centrado, falou bem e se manteve calmo, concluindo todos os seus raciocínios. Tirou de Dilma a afirmação de que as privatizações de FHC foram “juridicamente perfeitas” e se saiu melhor em todos os confrontos diretos.
Dilma foi patética. Não foi arrasada porque o próprio modelo do debate impede que um candidato seja levado a cometer erros graves. Todavia, sempre que falou, falou mal. Usou termos técnicos sem necessidade e não concluiu bem nenhum dos raciocínios. Gaguejava toda hora e falava como quem não tem o que dizer. É uma questão de raciocínio mesmo. Ela é muito fraca.
Marina foi bem. Foi pouco cobrada pelas perguntas, mas conseguiu mostrar sua posição e, ao mesmo tempo, não cometeu nenhum erro. Cobrar dela mais que isso seria exigir que ela fosse uma maluca como Plínio Arruda.
Plínio Arruda é só um triste exemplo de como algumas ideias nefastas ainda podem ter lugar no debate brasileiro. Um lugar mínimo, é claro. Para o nosso bem, propostas socialistas hoje são vistas como resquício de um mundo que já não existe mais. As experiências socialistas são um desastre e, a despeito de poucos sonhadores que ainda acreditam que aquele modelo poderia dar certo, não há mais espaço para colocar em prática uma forma tão medonha de pensamento político. A democracia não admite esse retrocesso. Plínio, na verdade, sequer deveria estar ali atrapalhando o debate com suas gracinhas. Ficou mais conhecido pelas suas piadas do que pelas suas ideias.