Eu sou um otimista. Por isso ainda me surpreendo com certas coisas que vejo na imprensa alagoana. O mínimo que se espera de um repórter sério é que ele investigue as coisas de forma pormenorizada antes de escrever suas matérias. Espera-se, também, que ele procure ouvir o outro lado e esclareça os pontos controversos da reportagem. Espera-se, enfim, que ele mostre a verdade.

Nada disso foi feito pelo semanário Extra em reportagem intitulada: “TJ aprova candidatos eliminados no último concurso para juiz”. A reportagem é uma soma de inverdades. Afirma que dois candidatos teriam sido beneficiados pelo corporativismo do TJ/AL, pois apesar de reprovados no concurso para juiz, graças a decisões judiciais, teriam sido admitidos no curso de formação de magistrados, etapa final do concurso. Os dois candidatos seriam Lucas Dória e Marina Gurgel.

O caso de Lucas Dória é realmente controverso em termos jurídicos, mas nada indica que tenha havido corporativismo do TJ. Afinal, a própria matéria indica ter havido grandes discussões e votos contrários à pretensão do candidato. Além disso, pelo que sei, ele, como qualquer cidadão, tem o direito de recorrer à Justiça se achar que teve seu direito violado. Mas isso é o de menos.

O jornal falta com a verdade quando inclui no mesmo balaio o caso de Marina Gurgel. A candidata não recorreu aos tribunais. A própria instituição que realizou o concurso foi quem admitiu um recurso da candidata e mudou a nota inicial, não havendo nenhuma relação com o fato de a candidata ser filha de uma excelente juíza, a professora doutora Graça Gurgel. Essa prática é comum em concursos públicos e não envolve nenhuma outra questão a não ser o mérito da prova.

Envolver Marina Gurgel nessa situação é particularmente nefasto. Quem a conhece sabe que é uma brilhante profissional do direito. Foi minha contemporânea na Faculdade de Direito de Alagoas e só deixou boas impressões. Quando fui professor desse mesmo curso de formação do qual ela participa, aumentei minhas expectativas sobre a candidata que, junto com os demais, certamente provocará uma boa mudança nos quadros do Judiciário alagoano.

Qual a razão da mentira? Somente o sensacionalismo barato? Tantas coisas horrendas acontecem realmente nesse Estado de Alagoas! Mas parece que o Extra está mais interessado em inventar problemas do que em apurar os verdadeiramente existentes. O semanário precisa evitar esse tipo de matéria, ou perderá completamente a credibilidade.