Aos 19 anos de idade, Marcos Mion nem sabia o que queria da vida. Era moleque, trabalhava como garçom em um restaurante na capital paulista, e ocasionalmente dava aulas de teatro para crianças. De uma conversa informal de bar com um diretor de alto escalão da MTV, descolou um teste para ser VJ.

 

Por um contratempo da emissora, e uma oportunidade em outra, acabou como coadjuvante na série “Sandy & Junior”, da Rede Globo. Pouco tempo depois, recusou a oferta de renovação da gigante carioca e finalmente entrou para o time da Music Television, seu maior sonho até o momento.

 

Ao lado de Didi Wagner, estreou no comando do "Supernova", em 1999, e daí pra frente restou apenas colher os louros. À frente do “Piores Clipes do Mundo”, cativou uma audiência jovem e ávida por novidades, quando a MTV ainda era underground. Resgatou Supla do anonimato e levou o APCA no ano seguinte como melhor apresentador da TV brasileira. O programa foi legendado e transmitido na MTV mãe, a americana, tornando-se referência no gênero cômico que resultou até em menção na revista "Time".

 

Depois disso, muitos perrengues: tentou novamente a Globo, mas sobrou na geladeira. Se arriscou na Band, e voltou para a MTV. Nesse meio tempo, curtiu um ano da vida boa, declarado “playboy”, até que conheceu a mulher de sua vida.

 

Em 2010 o cenário é diferente. Aos 31 anos, Marcos Mion é pai de família, casado há cinco anos com Suzana Gullo, com quem teve Romeo, 4, Donatella, 1, e Stefano, nascido em 30 de março deste ano. Duas semanas depois do nascimento do último filho, foi ao ar a estreia de seu “Legendários”, na TV Record.

Nesta investida, o agora diretor Mion pretende por em prática um anseio adolescente de falar sobre política, e se tornar um grande apresentador popular, sem perder a ginga escrachada. Ele tem um escritório dentro da própria emissora, uma equipe jovem trabalhando exclusivamente para ele, além de ter se tornado um pequeno investidor com ações em dois restaurantes, uma boate, um hotel e uma marca de roupas masculinas, constante destaque no SPFW.

 

Em um bate papo exclusivo com iG Gente, Marcos Mion conta tudo sobre sua carreira, família, Edir Macedo, dinheiro e vaidade...

 

 

O que mudou no Marcos dos tempos de VJ para cá?
Tirando os pêlos branco no peito que estão me deprimindo.... Eu tive um conhecimento maior do que é o jogo e de como é ser um profissional de TV. Na época da MTV eu era aquilo, um moleque que brincava e me divertia. Achava legal zoar, quebrar padrões. Quando eu fui pra Band pensei “Vou mudar o mundo e a televisão brasileira”, e acreditava nisso de verdade. Hoje me profissionalizei e caí na real. No campo pessoal, eu casei, passei a ser monogâmico, tive filhos. Encontrar uma mulher muda radicalmente a vida de um homem, e isso me trouxe muito amadurecimento. Hoje tenho objetivos, metas e um monte de gente me cobrando. Antes eu não estava nem aí pra isso.

 

Quais são essas metas?
A primeira é me estabelecer como um apresentador popular. Não tenho mais nada para provar no underground, na TV segmentada. Já ganhei todos os prêmios, já entreguei todos os prêmios, e fiz tudo que poderia fazer. Aqui é outro universo. A Record é uma Ferrari acelerando a 250 km por hora. A longo prazo, tenho uma perspectiva bastante empresarial da minha própria carreira. Quero ser um grande apresentador e ter pelo menos mais 40 anos de TV. Hoje em dia você vê aí o Silvio Santos, a Hebe, o Jô... Então dá pra se planejar.

 

Pretende fazer programas dominicais?
Pra mim os grandes comunicadores do País são aqueles que estão lá no domingão, falando no meio do churrasco pras tias. Os que saem na rua e as pessoas pedem casa própria, esse é o grande comunicador brasileiro. Não estou na TV a passeio, quero chegar nesse patamar, até o fim. Quero ser um desses caras e ter esse reconhecimento. Seria o maior prazer do mundo falar com as donas de casa e eu já tento fazer isso desde então.

 

Como está sendo o tratamento aqui na Record?
Muito bom. Por enquanto não tenho um 'A' pra reclamar. Aqui me deram carta branca para fazer o que eu quiser.

 

Na sua adolescência você fez teatro de protesto. O “Legendários” é uma maneira sua de resgatar isso e colocar em prática de uma forma madura?
É verdade. Eu tenho essa preocupação e cobro muito a equipe de não só levantar a questão, mas tentar fazer alguma coisa. A gente brincou muito no começo do programa com o João Gordo: teve uma sequência de políticos que ele encontrou que foram cassados em seguida. Aí a gente falou: “manda o Gordo encontrar o Sarney logo” (risos).

E o que estão preparando para as eleições?
Eu queria muito fazer um debate com os principais candidatos à presidência, voltado para o público jovem, para o povo, sem aquela tensão das frases complicadas que falam, mas não falam nada. Queria um game-show, colocar os candidatos no púlpito, faz uma pergunta, mão na orelha, e bate pra responder. Seria sensacional. Tive essa vontade, levei adiante, mas não fui muito bem aceita pelas assessorias dos políticos.

 

Sofreu algum tipo de censura por parte da emissora?
Nunca tive e essa palavra nunca foi praticada. Mas tenho uma grande conscientização de onde estou e com quem vou falar. Passei isso pro João Gordo e pros meninos do Banana Mecânica (ex-Hermes e Renato). Já que vocês estão aqui, querem fazer carreira longa? Quer jogar o jogo? Então estejam preparados. Ninguém gosta que entre na sua casa, abra a geladeira e bote os pés na mesa. Tem que entrar com respeito, consciência. No primeiro programa eu até brinquei com o “Fala que eu te escuto”.