Às vésperas do aniversário, o crime do estudante Fábio Acioli ainda está longe de um desfecho. Sentindo o vazio da perda de um ente, a família quebra o silêncio, cobra Justiça e descarta a possibilidade de crime homofóbico.
“Fábio era um filho maravilhoso, um irmão companheiro, um amigo solidário e um ótimo estudante, cheio de sonhos, projetos profissionais e pessoais. Enfim, era um ser humano inesquecível... perdemos tudo isso... e o vazio que ficou é imenso!”, Marilza Acioli, mãe da vítima.
A pedagoga acredita ainda que o sequestro do filho aconteceu por engano. Segundo ela, Fábio não tinha inimigos, era um rapaz tranqüilo e não há motivos para que ele fosse vítima de tamanha crueldade. “Fico perdida, porque até agora não vejo uma razão específica para o crime. Não acredito que tenha sido algo direcionado, mas que esses criminosos confundiram meu filho com outra pessoa”.
Marilza conversou com a reportagem do CadaMinuto e apelou para que caso alguém tenha visto algo no dia do brutal assassinato, que faça a denúncia. “O sequestro aconteceu por volta das 20h30, em Cruz das Almas e não acredito que ninguém viu. Sabemos que duas pessoas presenciaram tudo, mas estão com medo de denunciar”, disse a mãe.
“Imploramos que alguém que tenha visto algo naquele dia ou tenha alguma informação que possa contribuir para esclarecer o brutal assassinato, entre em contato conosco. Nós garantimos que a identidade será preservada”, apela família.
Relação com o filho
Fábio Acioli tinha uma relação de amizade e companheirismo com a família. De acordo com a mãe, o jovem era um rapaz bastante estudioso, cheio de projetos para o futuro e muito caseiro. “Nós tínhamos uma relação muito aberta. Ficamos ainda mais próximos quando a irmã dele viajou. Era meu maior companheiro. Não era de sair para festas e era um jovem bem família. Todos os amigos dele eram pessoas que freqüentava minha casa e eu os conhecia”, descreve Marilza.
Quanto à sexualidade do estudante, a mãe garante que não procede a informação de que Fábio era homossexual. “Conhecia o Fábio muito bem e ele não me escondia nada. Ninguém da família tinha essa informação”.
A época dos festejos juninos era a preferida de Fábio Acioli. Na casa do estudante, a mãe espalhou diversas fotos e enfeitou o local para homenagear o filho. “Ele adorava o São João. Era muito alegre, festejávamos em família. Coloquei fotos dele pela casa para lembrar da alegria que ele trazia para a gente”, relembra.
Campanha
Durante as investigações, a família do jovem preferiu não se pronunciar, mantendo contato exclusivamente com as delegadas responsáveis (Rebecca Gusmão, Lucy Mônica e Fabiana Leão) e o promotor designado pelo Ministério Público para acompanhar o caso, Flávio Gomes.
Os familiares resolveram quebrar o silêncio e vieram a público pedir ajuda da população. Com panfletos distribuídos em diversos locais de Maceió, a família iniciou uma campanha com o objetivo de esclarecer o crime. A iniciativa é para que as pessoas que tiverem informações, que possam ajudar a elucidar o caso, denunciem.
“Não queremos vingança, mas esperamos por justiça. Alagoas está insuportável. Isso é mais um dos tantos crimes que vemos todos os dias e não queremos que entre nas estatísticas do que não são resolvidos e que não haja impunidade. Esperamos a resolução do crime e que o verdadeiro culpado seja punido”, finaliza.
Passados dez meses do crime, pouco foi esclarecido pela Justiça, apesar da prisão de três pessoas que foram apontadas durante o inquérito policial, como os envolvidos no assassinato. O ex-servidor municipal, Rafael Cícero de França, é acusado de ter atraído Fábio para o coqueiral – local de onde foi sequestrado –, Carlos Eduardo e Wanderlei Nascimento, acusados de serem os autores materiais, e estão detidos no sistema prisional de Alagoas.
Que tiver alguma informação sobre o caso entrar em contato através dos contatos abaixo:
Celular: (82) 9307 6060.
E-mail: fabio.acioli@hotmail.com
Caixa postal: 99 - Maceió-AL, CEP: 57020-970
Disque Denúncia: 0800 284 9390
Ministério Público: (82) 2122 3537
O crime
Fábio Acioli foi raptado na noite do dia 11 de agosto, após sair de uma escola de idiomas na Ponta Verde. O rapaz, que era estudante de arquitetura, foi abordado por dois homens ao parar o veículo Peugeot, de cor prata e placa MUH-6407/AL, que pertencia ao pai da vítima.
Levado para um canavial no Complexo do Benedito Bentes, Fábio chegou a ser torturado e os criminosos jogaram gasolina em seu corpo, atearam fogo e em seguida fugiram no veículo. O carro foi encontrado no dia seguinte, queimado, no bairro de Cruz das Almas.
Para escapar da morte, Fábio conseguiu rolar na lama e apagar as chamas do corpo. O rapaz caminhou até a avenida principal do bairro, onde recebeu a ajuda de populares, que acionaram uma equipe do Samu. Fábio faleceu, no dia 28 de agosto, no Hospital Restauração, na cidade de Recife, onde estava internado.