Em fevereiro de 1986 o então Presidente da República, José Sarney (PMDB), lançou o desastroso Plano Cruzado, que com propósitos populistas, promoveu o congelamento e tabelamento de preços das mercadorias expostas à venda em lojas e supermercados.
A princípio a sensação foi de controle da inflação e estabilidade econômica, mas vários fatores iriam contribuir para o fracasso do famigerado plano, principalmente a escassez dos produtos tabelados.
Embora o governo soubesse da fragilidade das medidas econômicas adotadas e da necessidade de corrigi-las com austeridade, manteve o plano até as eleições para não sofrer desgastes. Com essa estratégia o PMDB conseguiu eleger 22 governadores.
No dia seguinte às eleições veio o remédio amargo. Foi lançado um programa de arrocho que onerou sobremaneira a classe trabalhadora.
A revolta popular tomou conta das ruas e as manifestações levaram a um quebra-quebra geral em várias cidades de médio e grande porte.
A atitude do PMDB em manter o plano até o dia das eleições, mesmo sabendo do seu fracasso, foi tida como um grande estelionato eleitoral. A gana pelo poder foi levada as últimas consequências.
Nos dias de hoje o PT vive uma situação análoga ao PMDB de 1986, eis que o sucesso da política de governo desenvolvida pelo Presidente Lula tem uma aceitação popular fora do comum, levando a um índice de aprovação que beira os 80%, o que credencia o Partido dos Trabalhadores a ser o maior vencedor nas eleições de 2010, com a atenuante de não se vislumbrar uma catástrofe após o pleito.
Mas não é isso que se vê faticamente.
O PT está abrindo mão de várias candidaturas majoritárias em benefício dos partidos da base aliada, entretanto a recíproca não é verdadeira em vários estados.
Será que o PMDB faria o mesmo em 1986?