Costumo dizer que nesse conflito entre Israel e Palestina não há santos. As raízes históricas desse conflito envolvem muito ódio e não vejo nenhum dos lados como querendo encerrar a confusão. Por isso mesmo eu não me coloco sempre contra Israel como parece acontecer com a política externa brasileira, em sua cruzada contra os valores ocidentais representados pelo “imperialismo americano”.
A imprensa tem sua parcela de culpa. Quando ouvi a notícia do ataque de soldados israelenses a navios com ajuda humanitária a Gaza, pensei que tivessem afundado os navios sem prévio aviso, dada a forma exagerada como a notícia estava sendo veiculada. Depois, descobri que tinha havido dez mortos e que os navios estavam querendo furar o bloqueio a Gaza, perpetrado por Israel. Era grave, mas bem menos do que fizeram parecer.
Bom, nesse caso me parece que Israel já começa errando com esse bloqueio. Mas isso, amigos, é assunto interno. Sinceramente eu não conheço as circunstâncias locais a ponto de julgar tão facilmente essa questão. Até porque, pelas informações que eu tenho, não há, entre os palestinos, qualquer inclinação para o diálogo. Mas mesmo que se condene o bloqueio, não é justo condenar Israel pelo ataque assim, previamente.
Ora, se há um bloqueio, parece razoável que o país não permita a aproximação de navios turcos, como foi o caso, mesmo que se alegue estar apenas transportando ajuda humanitária. Até agora não se sabe bem as condições concretas da abordagem, por isso, não absolvo Israel desde já, mas peço que as autoridades brasileiras também aguardem um pouco antes de se dizerem “chocadas”, como o assessor para assuntos internacionais Marco Aurélio Garcia. Enquanto isso, Amorim declara: “Espero que o presidente do Conselho [de Segurança da ONU] dê uma declaração forte".
Resumindo, se não há ainda certeza sobre a ilegalidade da ação israelense, penso que as autoridades brasileiras deveriam ser mais cautelosas, e não sair por aí gritando contra Israel, mimetizando a atitude dos seus novos amigos iranianos.