É interessante acompanhar as articulações políticas em Alagoas. Por aqui não há discurso sobre idéias. Tudo bem que no Brasil isso está fora de moda, mas aqui em Alagoas, tirando os nanicos esquerdistas de sempre, a questão realmente passa ao largo de qualquer debate sobre ideais políticos e concentra-se nos nomes, amizades e inimizades imediatas. Também os nomes locais não têm identificação imediata com os nomes nacionais. As ligações atuais entre Collor e Lula mostram isso muito bem.

Em Alagoas, queriam reproduzir no âmbito alagoano o dualismo PT x PSDB e tentar emplacar o candidato do “chapão” na base do “nós contra eles” de Lula. Deixaram Ronaldo Lessa de fora da campanha para o Senado como forma de proteger Renan Calheiros. Assim, ficava tudo em casa e, com as bênçãos de Lula, iriam todos contra Téo Vilela.

Para seguir com o plano, duas táticas. Reproduzir o dualismo de valores (direita contra esquerda) e o dualismo pessoal (Lula contra FHC) que vigora na mente dos petistas.

Renan Calheiros (que era amigo de Téo Vilela e agora é inimigo) sempre que pode usa seus esbirros na imprensa para esculhambar o PSDB. Eles elogiam o governo Lula enquanto chamam o governador de “neoliberal”. Os amigos jornalistas de Renan o idolatram enquanto dizem odiar o “liberalismo” da época de FHC. Só esquecem que Renan foi ministro da Justiça do “neoliberal” FHC. Mas isso não importa. Hoje ele é um socialista estatizante, quase um Fidel Castro.

O racha no “chapão” foi bom para quebrar esse discurso ridículo que quer reproduzir aqui a dualidade que o PT quer impor nacionalmente. Com Collor candidato, qual será o palanque de Dilma? Ela se arriscará a enfrentar a rejeição nacional de Collor? E o ex-presidente vai fazer campanha sem bater em Ronaldo Lessa? Logo ele que deu uma surra em Collor quando venceu para o governo no primeiro turno naquela campanha de baixíssimo nível?

Aqui, o buraco é mais embaixo. Se nacionalmente é difícil identificar partidos com suas idéias, em Alagoas é muito mais complicado. É muito simplista dizer que Téo Vilela é “neoliberal” enquanto Renan é “socialista”. Em Alagoas, até o PT tem quadros respeitáveis. Aqui, o fato de Téo Vilela ser do PSDB e, portanto, ter rompido com Renan, é só uma questão conjuntural, não se refere a valores.

Collor é um político que vive do seu recall eterno. Ganhou uma eleição para o Senado somente porque não houve tempo de sua enorme rejeição tirar seu potencial eleitoral que eu não sei de onde vem. Sempre começa como um nome bem cotado e, depois, com a campanha em curso, vai perdendo votos à medida que sua história vai aparecendo nas telas da TV e nos comícios.

É por isso que aqui em Alagoas eu vou naquela onda de votar contra os piores. Há nomes que ainda respeito na política alagoana, mas, no geral, meu voto é contra o que há de pior. Nem sempre temos boas opções, mas é preciso exercer nosso direito.

Dos males, o menor.