A entrevista dos generais Leônidas Pires e Newton Cruz ao jornalista Geneton Moraes Neto coloca a esquerda brasileira no lixo.
Eu já sabia que era isso mesmo: comunistas entregando comunistas, traindo a causa, se locupletando com o dinheiro dos assaltos a bancos, o cofre da amante de Ademar de Barros e as ajudas externas para instalação da guerrilha no País – que não passou de bravata no Araguaia.
O general Leônidas Pires disse que o governo militar pagou para um comunista dedurar os dirigentes do Partido Comunista Brasileiro – que foram presos em São Paulo e mortos, e entre eles supõe-se esteja o alagoano Jaime Miranda.
Eu digo que já sabia por ter sido testemunha de algo semelhante em Alagoas. Em 1970 eu estava servindo ao Exército ( antigo 20º BC) sob o comando do coronel José de Barros Paes e com o capitão José Ribamar Zamith no S-2, o Serviço Secreto.
O coronel Paes e o capitão Zamith integram a lista de torturadores do livro Tortura Nunca Mais, mas o que posso dizer deles é que são dois brasileiros íntegros; no tempo em que passei no quartel só tive exemplos de dignidade de ambos.
O coronel Paes é alagoano e o capitão Zamith é carioca, e tem um histórico polêmico – ele foi punido com a transferência para Alagoas e impedido de chegar a major. Sabem por que o capitão Zamith foi punido?
Porque cumpriu a ordem do general e não poupou nem o próprio general da medida. O capitão Zamith era o oficial superior de serviço quando a esposa do general, comandante do então Primeiro Exército, tentou entrar na Vila Militar pelo portão lateral, cujo acesso o marido comandante mandou proibir.
O soldado de sentinela barrou e formou-se a maior confusão. Esbravejando contra o soldado e até o detratando, a esposa do general ultrapassava os limites quando o capitão Zamith chegou.
A mulher disse que era esposa do comandante e que iria passar; e Zamith respondeu que nem ela nem o marido dela, que deu a ordem, passariam. E não deixou mesmo. A esposa do general se sentiu ultrajada e não perdoou o capitão por tê-la trocado pelo simples soldado – que estava de sentinela e a barrou.
Chamado à presença do general, Zamith discutiu com o comandante e foi transferido para Alagoas quando estava tentando fazer o curso de Estado Maior. Esse relato eu ouvi do próprio capitão Zamith. Depois, o hoje major da reserva e dentista Ariston, irmão do publicitário Ailton Nunes e que era 2º sargento e andava com o Zamith, me confirmou.
Além de transferido, o capitão Zamith teria que morar no quartel – o que significava detenção.
Eu me aproximei dele durante as marchas; eu tinha me habilitado a operar o rádio e o capitão exigia um operador de rádio perto dele; o capitão gostava de dar ordens pelo rádio – ele andava com dificuldade; ele mancava da perna direita.
Pois bem; certo dia chegou uma figura no quartel querendo falar com o capitão Zamith. Vinha denunciar o radialista Castro Filho e o padre da Igreja do Bonfim, no Poço, como comunistas.
Não me lembro o nome do padre; sei que foi entre 1970 e 1971, quando servi. Mas, do Castro Filho não podia esquecer; era radialista polêmico que acompanhei na minha adolescência.
O tempo passou, o governo militar acabou e para a minha surpresa e estarrecimento descobri depois que essa figura de dedo-duro era comunista. Pelo menos assim se apresentava nas manifestações, nos sindicatos e, diga-se, era reconhecido pelos pares.
Portanto, eu prefiro aquele que não muda; aquele que se mantém coerente, eu prefiro o coronel Paes e o capitão Zamith; o general Leônidas e o general Newton Cruz a todo aquele que apenas seduz sem valer à pena.