O escândalo com os padres e ex-coroinhas em Arapiraca pega a Igreja Católica nas suas contradições. O celibato é uma exigência econômica; o Vaticano impede o padre de se casar para não arcar com o ônus social com a esposa e a prole dele.
É só por isso.
E condena o homossexualismo, mas, claro que isso é apenas em tese porque o celibato não detém o desejo sexual.
Antes não era assim; em 1551, quando o missionário Manoel da Nóbrega desembarcou na Bahia, se assustou com o número de padres com amantes e filhos. Nóbrega escreveu a dom João III pedindo que mandasse urgentemente mais padres - e na leva seguinte veio o padre Anchieta.
Também pediu que mandasse noivas, geralmente órfãs de pais militares que morreram na guerra para conquistar as Índias, porque na falta delas os brancos estavam se amancebando com negras e índias, e gerando filhos.
O tempo mudou e os padres também. E o tempo mudou para se contrapor às teses caducas que a Igreja Católica insiste em manter como dogmas; o tempo mudou para mostrar que o homossexualismo é apenas uma opção que se coaduna com o sétimo enigma da humanidade – que é exatamente a questão do livre arbítrio.
Ninguém até hoje foi capaz de definir a origem da vida, a origem do movimento e o livre arbítrio – logo, qualquer conjectura sobre homossexualidade é falsa.
O escândalo com os padres em Arapiraca tornou-se espetáculo; uns pareciam ter chegado ao orgasmo com mais esse erro do catolicismo. Em um dos comentários na matéria do Cada Minuto, alguém muito eufórico citou Martinho Lutero quando apregoou que o Catolicismo era a ruína.
Ora, não sei se o frei Martinho Lutero era pedófilo ou depravado, mas sei que era ambicioso e gostava de dinheiro. Ele virou protestante porque a ordem dele não foi escolhida para arrecadar o dinheiro da campanha lançada pelo Vaticano – que trocou pecado por dinheiro.
De fato, a ordem do frei Lutero era a mais credenciada para arrecadar o dinheiro; era a mais organizada, mas, a fama de esperto levou o papa a escolher outra ordem.
Não vamos, pois, fazer ilações nem querer santificar quem não é santo; vamos entender que, se o papa tivesse escolhido a ordem do frei Lutero para recolher o dinheiro, ele não teria protestado.
Certo?
Claro que o escândalo dos padres em Arapiraca é lamentável, mas há algo igualmente grave que ainda não foi discutido – sequer comentado na imprensa. Trata-se da extorsão – que aconteceu e foi paga.
Tudo indica que o escândalo só veio à tona porque alguém se sentiu no prejuízo moral e financeiro. Esse alguém armou o flagrante com a filmagem da relação homossexual do monsenhor com a intenção de extorqui-lo.
Primeiro pediram 5 milhões de reais para destruir a fita e o monsenhor fechou o negócio em 32 mil reais, que foram entregues...que foram entregues a quem?
Pois é; esse é o outro lado da moeda.
Outra pergunta: por que não entregaram a fita de vídeo à polícia ou ao Ministério Público, ou a própria CPI da Pedofilia?
Por que optaram pela imprensa?
A experiência ensina que, nesse caso, ao optar pela imprensa esse alguém estava movido pelo ódio de quem se sente ludibriado; de quem se sente no prejuízo financeiro e moral, e quis ir à forra com o escândalo que só a imprensa poderia provocar.
Tudo leva a crer que existe algo de mais podre nesse escândalo em Arapiraca.