A morte de Geraldo Sampaio significa uma estrela que se apagou no Universo. O doutor Geraldo, o Geraldão, tinha o coração maior que o corpo. Foi traído e não traiu jamais; para ele a amizade era sentimento nobre.
Quando ainda era complicado ser oposição, ele abriu as portas da TV Alagoas para servir de palanque à luta pela redemocratização do País. Era um sonhador atropelado pelo tempo em que a carência de homens na política faz a diferença.
Ajudou a eleger vereador, deputado, prefeito e governador. Não teve a reciprocidade merecida, mas nem por isso se deixou amargurar-se; ele parecia resignado com a fraqueza de caráter dos que tudo lhe deviam e, no entanto, o esnobavam.
Viveu intensamente. Foi um homem correto, que se foi com a consciência de quem nunca traiu nem perseguiu ninguém – um coração sem ódio e sem rancor.
Tive a oportunidade de conviver com ele, e a honra de adentrar em sua residência, privar da sua amizade. Soa-me ainda nítido o pedido dele à secretária para que me trouxesse a cerveja.
- Traz uma cerveja para o Roberto!
E ficávamos conversando; eu puxando pela história e ele querendo fazer a nova história política de Alagoas. O doutor Geraldo era um idealista. Infelizmente, em Alagoas não existe lugar para idealistas; o Estado parece tomado pelos oportunistas.
Vá em paz, doutor Geraldo.