Em 50 anos de carreira, Nelson Xavier tem apenas dois personagens que realmente mudaram sua vida. O primeiro é Lampião na minissérie Lampião e Maria Bonita (1982). O segundo é Francisco Cândido Xavier em Chico Xavier, ao qual o ator de 68 anos atribui uma mudança na sua vida.

“Não há como sair incólume dele. Chico foi radical e viveu o que pregou: a paz e a devoção completa ao outro”, afirmou o ator ao Cineclick. No filme de Daniel Filho, Nelson interpreta o médium de 1969 a 75, período em que ele tornou-se conhecido por todo o Brasil.


Mas há um detalhe muito curioso na trajetória de Nelson. Mesmo com cerca de 40 longas-metragens como ator, seu desejo inicial era ser diretor de cinema em vez de intérprete das histórias dos outros.

“Eu nunca desejei fazer personagens, queria ser diretor”. Então, por que só tem A Queda (1976), sequência de Os Fuzis (1963), com a assinatura de diretor? “Porque não sou organizado o suficiente, não me ligo em orçamento, não sei produzir. Aqui no Brasil, quem dirige é também um pouco produtor e simplesmente não sei fazer isso”.

Já que “não sabe fazer isso”, Nelson Xavier continua emprestando seu talento para quem lhe apresenta uma história interessante. No caso de Chico Xavier, o primeiro passo veio com o livro As Vidas de Chico Xavier, que caiu nas suas mãos.

Pronto. Pegou. “Me comovi muito com a infância dele. Nunca desejei tanto fazer um personagem, mas este sim”. Mesmo ateu, encerra assim seu olhar sobre o médium. “O Chico vai me acompanhar de agora em diante”.