Poucas vezes eu tinha visto uma palhaçada tão grande no resultado de um julgamento criminal. Na verdade, eu nunca tinha visto isso. É verdade que o caso desperta interesse, notadamente porque nunca houve confissão. Além disso, o caso se tornou emblemático por se tratar de um crime tão cruel que qualquer pessoa duvidaria que alguém fosse capaz de praticar. Mas daí a transformar o julgamento num evento como esse, que mais parece a final de um campeonato, é demais.
Sinceramente, sou completamente a favor da liberdade de imprensa e contra qualquer tipo de censura, mas isso não me impede de apontar os exageros do jornalismo. A narração do repórter da rede Record e a apresentação da Band estavam (estão no momento em que escrevo) parecendo mais a narração de um jogo de futebol. É a exploração da desgraça sem o propósito de informar, mas somente de entreter. Jornalismo não é entretenimento.
A expectativa gerada com esse caso levou a certos exageros pela cobertura da imprensa. É importante que essa forma de abordagem seja repensada. Às vezes o limite entre a informação e o sensacionalismo é muito tênue. A busca pela audiência não deve deixar de lado certos valores, principalmente no jornalismo.
Um julgamento como esse envolve sentimentos e valores que não deveriam ser explorados assim, sem qualquer pudor. A memória da vítima e a dignidade dos acusados (sim, eles têm dignidade) foram (estão sendo no momento em que escrevo isso) vilipendiadas pela atuação ostensiva da cobertura de algumas televisões. Uma cobertura medíocre.
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