Sucesso em ‘Tempos Modernos’, Cris Vianna não contava que, menos de um mês depois da estreia como a marcante delegada Tita, sua personagem fosse ficar tão em pauta. É que, com o Carnaval batendo à porta, policiais civis e militares superfemininas viraram foco de escolas de samba e já abalam o imaginário masculino.
Caso da tenente da Polícia Militar Júlia Liers, que, este ano, ocupa o posto de rainha de bateria da Independente de São João de Meriti, do Grupo de Acesso C. Investigadora da Delegacia de Homicídios de Niterói, Isabella Magacho Picanço também brilhará na Avenida como musa da Viradouro. Quem reforça o time é a ‘BBB’ Anamara, policial militar que está tendo problemas na corporação baiana devido a sua paticipação no ‘reality’. Com ou sem curvas à mostra, as representantes da ordem e da paz prometem tirar o sossego dos foliões neste Carnaval.
Na Sapucaí e fora dela, as belas tiram a farda e caem no samba. “Minha intenção é provocar uma interação da polícia com a comunidade. A policial militar também é humana, faz coisas parecidas com as mulheres de outras profissões. Nossa atitude está causando muita repercussão. Gosto disso. Acho ótimo fomentar essa discussão saudável e ajudar na humanização da polícia”, diz a tenente Júlia, que também desfila pela Porto da Pedra, no Grupo Especial. Outra discussão que veio à tona é a dita fragilidade feminina. “Antigamente, eram poucas mulheres na polícia. Agora somos muitas e os homens nos respeitam sem problemas. Hoje em dia há muito interesse em se colocar mulheres em funções de liderança”, garante a investigadora Isabella.
Embora só tenha que exercer autoridade na ficção, a atriz Cris Vianna concorda sobre a importância da mulher moderna. “Nossa única diferença é precisar de mais esforço para conquistar a força física dos homens”, diz ela, que vive a policial na novela e desfila neste Carnaval na comissão de frente da Grande Rio.
PM Anamara do ‘BBB’: alta popularidade
Referência sensual do ‘Big Brother Brasil 10’, a pernambucana Anamara, 25 anos, está com os dias contados na Polícia Militar. De férias quando entrou no programa, a PM teria até o dia 10 deste mês para se apresentar à corporação, caso contrário seria processada e poderia até ser presa. Mas a ‘sister’ não corre mais esse risco. Uma amiga dela, Amanda Pinto, já deu entrada na 25ª Companhia da Polícia Militar de Casa Nova, interior da Bahia, pedindo a exoneração e demissão de Anamara do cargo.
Se fora da casa ela fazia linha dura, dentro do programa isso não faz parte de sua estratégia de jogo. “Deus me fez perfeita. Sou gostosa e sei disso”, avisou. Logo que entrou, confessou que posaria nua. Disse também que, dependendo da situação, gosta de bater e de apanhar e não poupou elogios ao colega de confinamento Cadu, que só se esquiva.
Sua popularidade, no entanto, é boa. Pela primeira vez no paredão, essa semana, Anamara recebeu apenas 13% dos votos do público e se salvou da eliminação.
Policial civil desfilará em três escolas
Há seis anos na polícia, Isabella Magacho Picanço, 33 anos, tem se dividido para dar conta das novas funções. Além de dar expediente na Delegacia de Homicídios de Niterói de segunda a sexta-feira, ela não perde um dia de malhação, faz pole dance e ainda frequenta os ensaios da Viradouro às terças e quintas-feiras.
Musa da escola, ela está na vinheta de Carnaval da Globo e sairá como destaque na Porto da Pedra e Acadêmicos do Cubango. “Está a maior repercussão. Chego para trabalhar e todo mundo vem me dar parabéns. Dizem que estou representando bem a instituição”, ri a investigadora.
A vaidade está sempre presente no seu dia a dia, até quando a função lhe arrasta para operações em favelas e presídios: “Maquiagem não pode faltar na minha bolsa”. Quando começou a frequentar as quadras, Isabella tentou esconder sua identidade. “Falava que era advogada. Queria me resguardar. Agora todos já sabem e não me prejudica. O samba é o meu momento de extravasar”, diz.
‘Tenho meus momentos de lazer’, diz PM
Acostumada ao dia a dia de crimes, a tenente da Polícia Militar Júlia Liers, 25 anos, tem provado uma rotina bem diferente nos últimos dias: a de celebridade. “A imagem de policial sempre vai estar comigo. Sou PM 24 horas por dia, então sempre cabe manter a postura. Mas sou uma mulher normal, tenho meus momentos de lazer”, explica. Questionada sobre o traje que usará na Sapucaí, ela revela: “É biquíni, claro, mas discreto, para não me comprometer.”
Por ser mulher e bonita, inevitavelmente Júlia deve permear os sonhos de muitos homens que têm como fetiche as policiais. Mas, até para isso, a tenente tem boa explicação. “Rola em qualquer profissão. É como aquela velha história da aluna que se apaixona pelo professor. No meu caso, acho que a autoridade é o que alimenta isso. Os homens estavam acostumados a sempre exercer o poder. Agora, são comandandos por mulheres. Isso mexe com eles”, diz.
Capitã vai desfilar pela Portela
E na Portela, policial também tem vez. A escola desfila na segunda-feira, 15, o enredo ‘Derrubando Fronteiras, Conquistando a Liberdade. Um Rio de Paz, em Estado de Graça’ e vem com carro recheado por sete oficiais — a capitã Priscilla Azevedo, da Polícia Pacificadora (UPP), e outras cinco amigas convidadas por ela, uma major e quatro capitães. “Tive medo do que vão falar, mas aceitei em prol da comunidade. O enredo fala bem do meu trabalho”, conta Priscilla, que é evangélica e vestirá um comportado macacão.