O senador Renan Calheiros (PMDB) pisou na bola; ele não deveria ter respondido à metralhadora giratória do deputado federal Ciro Gomes - que não citou apenas ele nas suas estocadas, e sim as generalizou.

Ciro disse que pode dizer sobre o PMDB o que o PT e a ministra Dilma Rouseff não podem dizer mais; disse que não precisa render homenagens a ninguém e citou Oreste Quércia – a quem José Serra rende homenagem; citou Michel Temer e Renan.

E uma vez que decidiu responder, Renan não deveria ter feito a comparação com Heloísa Helena.

Renan disse que a candidatura de Ciro à presidência da República lembra 2006, com a candidatura de Heloísa Helena – que tinha 10 a 11 por cento nas pesquisas e terminou com 6% dos votos.

Ele acha pouco?

Há nas pesquisas a variante da margem de erro, que pode chegar até 5% e isto justifica os 6% que Heloísa obteve como candidata a presidenta da República.

Depois, Heloísa é a principal e imbatível – segundo as pesquisas que o próprio Renan encomendou – adversária na corrida pela reeleição ao Senado. Citá-la na comparação intempestiva como exemplo de fracasso é, no subconsciente, o reconhecimento da vitória dela.

Freud explica.

Isto, sem falar que Ciro Gomes não é nenhum poço de dignidade nem paladino da moralidade. Mas, o que disse é a pura verdade.

Em nome da governabilidade a relação é promiscua e enseja cumplicidade; o que move a todos é o interesse compartilhado para manutenção do poder.