A 17ª Vara Criminal criada em Alagoas foi uma das poucas coisas boas que ocorreram no Judiciário brasileiro nos últimos anos.

Foi uma idéia alagoana aplaudida nacionalmente; graças a 17ª Vara a sociedade alagoana refez os conceitos em relação à Justiça e reencontrou a esperança que havia perdido acerca de alguns casos policiais.

Mas, está incomodando; os juízes, os promotores, enfim, todo o corpo funcional da 17ª Vara trabalham demais e fazem justiça demais da conta – eles não têm limites: mandam prender pé rapado, mas também mandam prender deputado, advogado, enfim, aplica o princípio da igualdade da lei para todos.

Não pode. Daqui a pouco, a 17ª Vara vai querer apurar crimes que foram praticados para nunca serem apurados – e isto desde o assassinato de Delmiro Gouveia, cujo inquérito é a primeira grande peça jurídica de ficção em Alagoas. Uma obra prima da malandragem no conluio do poder constituido e prostituido; o coronel e o sicário.

Ela abriu os caminhos e outros crimes  foram praticados sob a certeza da impunidade; a diferença é que, agora, existe uma sociedade organizada que cobra e a 17ª Vara pode ser levada de roldão pelo clamor popular e extrapolar os limites.

A 17ª Vara Criminal, uma das poucas coisas boas surgidas no Judiciário brasileiro nos últimos cem anos, está incomodando e não por acaso argüiram-lhe a inconstitucionalidade.

A 17ª Vara está incomodando porque aplica o princípio constitucional segundo o qual todos são iguais perante a lei.

E não tem sido assim; não é para ser assim.