O puxa-saco é uma espécie humana imprescindível na história. Acredite. A função do puxa-saco é ilimitada e, com a evolução da humanidade, surgiram vários tipos de puxa-saco.
Tem o puxa-saco pegador – que é aquele que chega junto; que se assume publicamente. Tem o puxa-saco à distância – que é aquele que atua à revelia do chefe. Tem o puxa-saco camuflado – que, por ser disfarçado, empresta inestimável serviço atuando na linha inimiga para levar e trazer informações. Este tem sido muito valorizado atualmente.
E tem o puxa-saco ambidestro – que é aquele capaz de puxar quatro sacos ao mesmo tempo. Esse é mantido com bom salário.
Como se vê, não adianta ignorar ou menosprezar o puxa-saco porque ele, o puxa-saco, também serve para nos orientar. Por exemplo: quer saber se um político tem prestígio mesmo? É só contar quantos puxa-saco atrai; quanto maior o número de puxa-saco, maior o prestígio do político.
O puxa-saco pode ser tudo, menos burro, para puxar saco vazio. O puxa-saco sabe que saco vazio não fica em pé e, assim, nos orienta a não se enganar quanto ao prestígio do político em questão.
Mas, não pense que o puxa-saco é invenção brasileira, alagoana, e que data de agora. O puxa-saco é uma espécie humana antiqüíssima e até abençoada. Basta ler na Bíblia a reação de Noé, que depois de escapar do Dilúvio tomou o maior porre, embebedou-se, alterou e ficou nu.
Os dois filhos que lhe puxaram o saco, Noé abençoou; já o filho mais novo que denunciou sua nudez foi amaldiçoado.
E para mostrar que o puxa-saco é figura universal e antiga, o mês de fevereiro foi vítima de um puxa-saco.
Um puxa-saco sugeriu o nome do imperador romano Júlio César, para identificar um dos doze meses do ano. Surgiu então o mês de julho – que é Júlio César.
O imperador Augusto, irmão de Júlio César, exigiu a mesma homenagem; ele pediu um mês com seu nome e deram-lhe agosto – que é Augusto.
Mas, Augusto descobriu que o mês do irmão (Julho) tinha 31 dias e o dele (Agosto) tinha 30 dias, e exigiu mais um dia.
E aí apareceu outro puxa-saco sugerindo tirar um dia de fevereiro e colocá-lo em agosto e, assim, atender os caprichos do imperador Augusto César.
Como se pode deduzir, o puxa-saco também faz a história.