O ex-governador Ronaldo Lessa contou que estava hospedado no Hotel Nacional, em Brasília, quando ouviu pela primeira vez a versão da candidatura do senador Fernando Collor à presidência da República, com apoio do Lula.

- Alguém comentou que a performance do Collor no Sudeste é boa, o que interfere na candidatura do Serra. Depois, numa conversa com o Collor, alguém perguntou a ele (Collor) e ele respondeu: isso (ser candidato a presidente) tem que passar pelo Planalto – contou Lessa.

Lessa contou isso na entrevista ao jornalista Geraldo Câmara, que mantém o programa Bartepapo transmitido em canal fechado de TV na manhã desta sábado.

- Não sei de onde partiu a idéia. Pode ter sido do Roberto Jefferson (ex-deputado federal pelo Rio de Janeiro e amigo de Collor), pode ter sido de dentro do Planalto mesmo. Mas, o Ciro (Gomes), a candidatura dele também interfere no eleitorado do Sul e Sudeste – completou Lessa.

Há tempo se fala na candidatura de Collor à presidência da República, para facilitar a vida da candidata Dilma Rouseff. E não precisa que se concretize para comprovar que a roda viva da política é mesmo mais complexa.

Em 1992 o PT saiu às ruas para colocar o Collor para fora do governo; em 2010 defende sua candidatura a presidente da República!

É que, na Roda Viva de Chico Buarque de Hollanda, os versos definem a vida:

A gente quer ter voz ativa
No nosso destino mandar
Mas, eis que chega a Roda Viva
E carrega o destino pra lá

A Roda Viva colocou o destino do governo do PT nas mãos de Collor, Renan, Sarney, Ciro Gomes...eu e vocês.

Laing, o pensador, tem razão: a política é mesmo a arte de se tirar proveito de um mau negócio.