Caparam um pedaço no Sul de Pernambuco e criaram Alagoas. Terra melhor na região não há; o semi-árido alagoano é inédito, nem se compara com a caatinga baiana, pernambucana, piauiense e o Vale do Jequitinhonha.

Não é exagero afirmar que o semi-árido alagoano é uma dádiva. No século 19 produziu algodão para se confeccionar os uniformes dos combatentes na Guerra de Secessão, nos Estados Unidos.

Palmeira dos Índios, entreposto entre o Sertão e a Capital, era a porta de saída do algodão para os Estados Unidos. Depois veio a cana-de-açúcar e o fumo – este para servir de capa para charutos que só os bacanas fumam.

Terra boa, esta Alagoas.

Mas, não cuidaram bem dela. Faço duas exceções, para falar do governador Major Luiz Cavalcante – que foi o melhor até hoje; criou tudo que ainda funciona no Estado e também aquilo que seus sucessores destruíram.

E o governador Guilherme Palmeira, que fez de tudo para implantar o pólo cloro-químico. Infelizmente, um grupo de alagoanos traidores trabalhou contra; Guilherme lutou sozinho para desmentir o relatório de ambientalistas alagoanos afirmando que o pólo tinha sido construído num mangue.

Um bando de patifes, sem dúvida, que fez o jogo do Rio Grande do Sul – que disputava com Alagoas o 3º pólo cloro-químico. Já havia no governo federal o consenso para dividir a planta entre os dois pretendentes.

Mas, Alagoas perdeu e hoje é fiel depositária do lixo químico que a Bahia manda pra gente. Terra boa, esta Alagoas, mas não tem sido bem cuidada.

Ao ler notícias sobre a exploração de minérios no Agreste alagoano lembrei-me da Codeal, a Companhia de Desenvolvimento de Alagoas, e da EDRN, a Empresa de Desenvolvimento dos Recursos Naturais.

Todas morreram trucidadas por golpes dos desgovernos. Mataram a Codeal e a EDRN como quem mata por asfixia. E nem agradeceram pela Codeal e EDRN terem tornado possível a exploração de minérios no Agreste alagoano.

Tudo começou com a Codeal e a EDRN, em 1982, quando se juntaram para pesquisar o solo alagoano. A Companhia Vale do Rio Doce comprou a idéia e expandiu as pesquisas. Para surpresa geral, foi descoberto Vanádio – que o Brasil importa. O Vanádio serve à industria de eletro e à informática.

Mas, caros internautas, para se ter idéia dos estragos contra Alagoas, a exploração do minério não foi iniciada porque o Estado nunca investiu na infra-estrutura; falta energia elétrica e água.

O pessoal da Vale Verde até que está sendo paciente, pois pode muito bem colocar o minério no trem e levá-lo para Camaçari-BA, onde seria beneficiado. Por que não? Imagine que a linha férrea foi recuperada; imagine que o trem pertence à Vale do Rio Doce – que é acionista majoritária da atual Transnordestina Logística, e mãe da Vale Verde.

O diretor da Vale Verde, Carlo Bertoni, até foi à audiência com o ministro Edison Lobão, das Minas e Energia, para ouvir que em maio será realizado o leilão para escolher quem vai construir a nova linha elétrica.

Enquanto isso, o Estado deixa de gerar emprego numa região tão carente. Quando ouço falar das cifras milionárias que os políticos afirmam ter carreado para o Estado, eu fico a perguntar: e onde foi que gastaram tanto dinheiro, se não temos sequer energia?

Em tempo: da Hidrelétrica de Xingó para Arapiraca, em linha reta, são 100 quilômetros. Diga aí, se esta é ou não é uma terra boa?

O que falta mesmo é alagoano.