Certa vez, num restaurante do Congresso Nacional, em Brasília, assisti um senhor reagir contra a presença de um grupo de jovens, provavelmente, acadêmicos de Medicina.
O senhor fez o maior discurso. Não me recordo o nome dele, mas soube depois que se tratava de um médico do Centro Médico da Câmara Federal e professor do curso de Medicina da UnB – que, pelo tom de voz, deveria estar falando para ex-alunos.
O professor protestava contra os jovens trajando os jalecos, no restaurante. Confesso que no momento nada entendi; só depois me veio a explicação:
O jaleco do doutor traz doenças do hospital para a rua e leva doenças da rua para o hospital.
Outro dia, ao passar em frente à Maternidade Santa Mônica, a cena que pela primeira vez assisti em Brasília se reproduziu; só faltou o professor para repreender uma médica com jaleco que saiu do hospital e foi até o posto de gasolina – onde entrou no carro.
Fiquei imaginando os pacientes dessa médica – são todos pacientes de riscos; fiquei imaginando quando a médica voltasse para a Santa Mônica, quantas contaminações teriam no jaleco dela – quantos micróbios ela levou do hospital para a rua, e quantos trouxe da rua para o hospital.
Gente, a infecção hospital se combate também pelo jaleco do medico – que só deve ser usado exclusivamente na área interna do hospital, nunca na rua!