O ex-governador Ronaldo Lessa está em Brasília matutando o que responder quando o presidente Lula lhe pedir para disputar o governo de Alagoas.

A priori, Lessa adiantou que condicionará a candidatura; ele vai responder que depende de o prefeito Cícero Almeida não sair candidato.

Trata-se de elegância; é igual ao gesto do jogador de futebol retribuindo a cortesia do adversário – ato continuo, a disputa prossegue renhida.

Na verdade, ainda que Almeida seja candidato, Lessa é especialista em vencer eleição na condição de terceiro postulante; foi assim que se elegeu prefeito de Maceió, aproveitando-se da bipolarização dos então adversários: Téo Vilela e José Bernardes.

Em 2010, Lessa poderia se beneficiar novamente. Não é a história que se repete; é a condição, é o momento e Lessa sabe muito bem disso.

Embalado pelo resultado das pesquisas que lhe colocam bem nas duas fotos – Senado e Governo – Lessa adota dois discursos – ainda que um deles utilize o condicionante: se Almeida não for candidato.

O prefeito é a bola da vez, mas contra ele concorrem fatores determinantes:

1) A candidatura de Lessa ao Senado ameaça a reeleição do senador Renan Calheiros.
2) A possibilidade de Collor disputar o governo do Estado não interessa ao governo Lula.
3) O grupo não confia em Cícero Almeida.

O ministro Carlos Luppi (Trabalho) já vinha trabalhando há tempo a candidatura de Lessa ao governo; é ele quem mais pressiona para que Lessa aceite.

No encontro com o presidente Lula, marcado para o dia 21, Lessa vai ouvir um apelo – que, dificilmente, deixará de atender.

Anotem aí: eles vão demover o prefeito Cícero Almeida da idéia de disputar o governo do Estado. E Lessa voltará do encontro com Lula convencido de que disputará o governo – ainda que mantendo os dois dircursos.

PS - A prori não tem crase, conforme o internauta Felipinho corrigiu.