O vice-governador José Wanderley deixou a posição cautelosa que lhe caracterizou até agora e assumiu publicamente a defesa do senador Renan Calheiros, dentro do governo Téo Vilela.
Wanderley é a força contrária à rejeição imposta a Renan, dentro do governo, e que tem nos secretários Álvaro Machado e Sérgio Moreira os principais algozes do senador – que, por eles, ficaria do lado de lá.
Ocorre que a análise fria e isenta mostra ser pior sem Renan; sem Renan o governo Téo fica sem o parceiro histórico, que lhe levou ao presidente Lula – e Téo não tem do que reclamar do governo Lula, graças a Renan.
É verdade que o pragmatismo de Lula transcendeu as expectativas mais otimistas em relação ao governo do PT, mas Renan foi fundamental na condução das conversas que garantiram ao governo do PSDB tratamento só dispensado aos aliados de primeira hora.
Téo deve fidelidade à candidatura presidencial do PSDB e Renan deve a Lula o compromisso de apoiar a sua candidata Dilma Rouseff; mais que isso, deve o compromisso partidário se o PMDB indicar, como deve indicar, o vice de Dilma.
Mas, uma coisa é uma coisa e outra coisa é outra coisa; uma coisa é Téo e Renan estarem em palanques diferentes na campanha presidencial, outra coisa é Téo ficar sem Renan no Senado.
Renan foi ministro da Justiça de FHC e se tornou líder do governo Lula, numa transmigração política que lembra a frase: se há governo, pois sou a favor.
Entre Ronaldo Lessa e Renan, o governador Téo prefere Renan. E se são duas vagas para o Senado e uma – dizem as pesquisas – é da vereadora Heloísa Helena, a opção por Renan é uma decisão irrevogável. O próprio governador já admitiu, em entrevista ao semanário Extra, apoiar Renan.
Ou alguém acha que o Téo vai alimentar cobra?