O caso do prefeito Cícero Cavalcante é o exemplo mais contundente de que o viajante comercial inglês tem razão.

Contam que um viajante comercial inglês veio ao Brasil pela primeira vez; ao retornar à Inglaterra lhe perguntaram o que achou do nosso País e o inglês respondeu:

- É um País interessante. Têm muitas leis, ninguém cumpre, mas no fim dá tudo certo.

A lei proíbe o terceiro mandato, mas Cícero Cavalcante queria continuar prefeito e foi se candidatar no município vizinho. Deixou a prefeitura de Matriz do Cmaragibe e se elegeu em São Luiz do Quitunde.

Mas, a lei não proíbe o terceiro mandato? Proíbe, mas tem uma brecha; lei que se preze deixa sempre uma brecha.

E o Cícero Cavalcante morava em São Luiz do Quitunde? Não, mas a lei não é para fazer cadastro, de modo que sua candidatura foi respaldada na lei.

O político e a lei não estão nem aí para o povo; os munícipes que se lixem. E deu-se então o espetáculo liminar do bota-fora, bota-dentro. Afastaram o Cícero e mandaram reempossar o Cícero – e ao mesmo tempo mandaram prender o Cícero.

O Cícero está preso, mas também está legalmente prefeito. Como alguém que a Justiça mandou prender pode assumir cargo eletivo de chefe de Executivo, isto só ocorre no Brasil.

Cícero está preso acusado de ser o mandante do assassinato do suplente de vereador de São Luiz do Quitunde, Geraldo Cerqueira. Mas, como está oficialmente empossado prefeito o processo emperra.

Aí fica a pergunta: por que prender o Cícero, se iriam blindá-lo?