Tudo que o governador Aécio Neves queria era ser o candidato do PSDB à sucessão do presidente Lula. Trabalhou para isso, fez composições na eleição para prefeito de Belo Horizonte e ensaiou visitas pelo País.
E andava inquieto com o silêncio do PSDB – que fingiu não ter ouvido as cobranças de Aécio para definição do candidato. O governador José Serra, que é candidato natural desde a eleição passada, também nada fala.
Não fala, mas presta uma atenção...
Na eleição passada, Serra abriu mão da candidatura porque sabia da derrota; na eleição do ano que vem o quadro é diferente. Serra se acha com chance e, ao contrário de Aécio, viaja para fora do País – o que é aconselhável a quem se acha favorito para ser eleito presidente da República.
Aécio recuou e admitiu a opção do PSDB pelo governador de São Paulo. Não sei se por ingenuidade ou tática, o governador mineiro acreditava que o partido pudesse escolhê-lo preterindo Serra. Agora escolha.
O PSDB é a elite financeira da Avenida Paulista e os paulistanos acham que chegou a vez deles.
O governador mineiro deveria ter se tocado antes, de que esta eleição reedita com mais ênfase o confronto entre o capital e o trabalho – e o capital está em São Paulo, mais precisamente na Avenida Paulista.
Se antes definia-se a disputa entre o café e o leite, hoje é o capital financeiro contra o resto – de quem é credor.
Mas, não se pode dizer que Minas Gerais se acovardou. Na carta onde oficializou a desistência, o governador Aécio Neves deixou a brecha quando disse que “fará novas reflexões, ao lado dos mineiros, sobre o futuro”.
Se nessas reflexões vislumbrar o PSD, então o governador mineiro está resignado. Mas, se lhe vier a UDN, então o governador mineiro vai reagir trabalhando contra Serra.
Na baixa, igual a tucano-mineiro.