Na entrevista ao jornalista Geneton Moraes e que foi exibida pela Globo News, o senador Fernando Collor de Mello admitiu que sobraram 52 milhões de dólares na campanha para presidente da República, em 1989.

Mas, as doações só vieram em maior volume no segundo turno; no primeiro turno da eleição, Collor disse que sentiu que as doações não eram suficientes quando tentava embarcar em vôos particulares e era impedido devido a pendências de contas anteriores não quitadas.

- No segundo turno foi uma loucura – admitiu referindo-se ao grande volume de dinheiro doado.
Quando lhe foi perguntado pelo dinheiro que sobrou, Collor respondeu que serviu para financiar campanhas de aliados aos governos estaduais e deputados.

Na entrevista, Collor se penitencia por não ter aceitado os conselhos dos mais experientes – que lhe mandavam se acertar com a base de sustentação no Congresso Nacional. Ele admitiu que, sem o apoio do Congresso Nacional é impossível governar num sistema presidencialista ultrapassado como o vigente no País.

Sobre o confisco da poupança, ele assumiu a responsabilidade – mas, dividiu a culpa pela idéia. Disse que pediu a opinião de Mário Henrique Simonsen, André Lara Rezende e do banqueiro Daniel Dantas e eles admitiam que, para controlar a inflação, só com um choque na liquidez (dinheiro nas mãos do público).

A intenção inicial não era mexer na poupança, mas o mercado começou a transferir os investimentos em papéis, ações, etc., para a poupança.

- O hoje senador Aloísio Mercadante disse à ministra Zélia Cardoso de Melo que o nosso projeto era o projeto do PT, mas, sabia que se o Lula tivesse sido eleito e adotasse o projeto (confiscar a poupança) não se sustentaria no poder – completou.

Ele revelou que tem um livro pronto contando sobre o golpe que lhe apeou do poder,mas que foi desestimulado a publicá-lo pelo deputado,já falecido, Thales Ramalho.

No livro, Collor conta que recebeu o apoio de Ulisses Guimarães – que era contra o impecheament, mas mudou de idéia depois diante da possibilidade de assumir a presidência da República.

É que foi apresentada a possibilidade de Itamar Franco, vice-presidente, renunciar e diante da vacância do cargo Ulisses assumiria.