Ninguém merece. Quer dizer: alguém merece, pois quem com porcos se mistura farelo come – já dizia a vovó.
Nesta quarta-feira, 9, Maceió completa 170 anos de criação. A Capital alagoana é uma invenção dos ingleses, que vinham comprar algodão e açúcar em Alagoas e optaram por se instalar no entorno da Enseada de Jaraguá relegando a Capital da Província – hoje a cidade de Marechal Deodoro.
Não foi fácil transferir a Capital para Maceió; houve luta, um governador foi mantido como refém e o pai do marechal Deodoro, que comandou a revolta, foi deportado para o Amazonas.
Enterrados os mortos e sepultada a história, a data será comemorada este ano com muita putaria em tom maior. Não será uma festa familiar, mas quem não se incomodar com as sacanagens pode ir.
O forró da putaria começa cedo e tem letras do tipo:
Ela sai de saia e de bicicleta
Uma mão vai no guidom (o correto é guidão)
E a outra tapando a calcinha.
Coloca a língua e tira a língua
Pra esquerda e pra direita o importante é encoxar
Balançando nesse som roça em todo lugar
Já tomei muita cachaça não sei se você se importa
Agora quero dançar bebo o forró da piroca torta
Pega fogo cabaré!
Aumenta o som do carro e deixa a música rolar
Eu hoje tô de boa só quero me embriagar
Não é bonita essa música? É linda! Maceió merece. Não se trata de discriminação; sou do tipo que não discrimino nada. A questão não é discriminação, mas nivelar por baixo.
Estamos muito longe de Recife, Natal, Fortaleza, Salvador, João Pessoa e Aracaju – isto, para não falar no aniversário do Rio de Janeiro, São Paulo e Brasília.
Ah! Brasília. Nos 44 anos de Brasília estava lá assistindo a maviosa Ivete Sangalo cantar e encantar na Esplanada dos Ministérios.
Dir-se-á que Brasília é o luxo e Maceió é o lixo. Não concordo; Maceió não merece isto e, pior, ainda vai ter que pagar caro pela putaria em tom maior em Jaraguá. Dizem que o cachê da putaria mais barata é 90 mil reais.
Sendo assim, não posso dar parabéns; só posso dar os pêsames a Maceió.