Ninguém sabe o dia que Zumbi morreu, mas um grupo de ativistas negros do Rio Grande do Sul determinou que foi no dia 20 de novembro e a data virou lei.
Tudo bem; vale a intenção de reverenciar o mito e lembrar a luta contra a exploração do homem pelo homem.
Mas, por dever de justiça deve-se falar que o movimento na Serra da Barriga marcou a miscigenação dos excluídos; não havia apenas negros revoltados, mas também índios, mestiços, caboclos e brancos excluídos pelo sistema – que é um vampiro.
Congratulo-me com todos nessa data, mas deixo registrado o protesto contra mais uma sacanagem que fizeram contra os negros – que é o sistema de cotas para acesso ao ensino superior.
Na condição de negro, irmão e primo de negro, repilo veementemente o sistema de cota porque é mais uma humilhação imposta aos irmãos de cor.
Antes, o diploma de nível superior do negro era resultado exclusivo da sua capacidade; hoje, é resultado da cota – que vai formar muitos doutores Cotas.
Dizer que o sistema de cota repara as injustiças praticadas ao longo da história contra os negros é desculpa de amarelo. Não repara nada e, pior, humilha.
O negro não precisa de cota para se sentir gente igual a gente; quem precisa de cota para se sentir gente é porque se sente incapaz.
No Dia da Consciência Negra - que deveria se chamar Dia da Consciência dos Excluídos - deixo o meu protesto contra a cota; e contenho a vontade de mandar enfiar a cota naquele lugar.
O negro que precisa de cota para obter dignidade, não é digno de nada.