A República não foi proclamada no dia 15, como nos ensinam e comemoram, mas na tarde do dia 16, quando, finalmente, o marechal Deodoro se convenceu em derrubar a Monarquia.
No dia 15 de novembro de 1889, o marechal Deodoro se rebelou contra o Ministério de Pedro II e saiu às ruas para destituí-lo e prender o visconde de Ouro Preto. Mas, não era para destituir o imperador e muito menos acabar com a Monarquia.
Uma semana antes, no dia 7 de novembro, Deodoro emitiu a famosa ordem-do-dia instruindo os comandantes militares a reagirem contra o ideal republicano em defesa da Monarquia.
Foi Deodoro quem primeiro pronunciou a frase – que hoje todos usam: ruim com ela (Monarquia), pior sem ela.
A reação de Deodoro contra Ouro Preto deveu-se ao boato de que o visconde tramava a reorganização da Guarda Nacional e a dissolução do Exército, com o fortalecimento da Armada Naval.
No dia 15, pela manhã, Quintino Bocaiúva e Benjamin Constant foram buscá-lo em casa; Deodoro vestiu a farda e, diante da tropa, pronunciou a frase de praxe – que era a saudação entre os militares:
- Viva o Imperador!
E os militares responderam:
- Para sempre viva!
Dito isso, foi até onde Ouro Preto estava reunido e o prendeu com esta frase:
- O senhor está preso por atentar contra o Exército, querendo destruí-lo. Nos campos de batalha do Paraguai eu sacrifiquei a minha vida em defesa da Pátria!
E Ouro Preto respondeu:
- Sacrifício maior faço eu em ouvi-lo.
Deodoro se recolheu após a destituição do Ministério e a prisão de Ouro Preto, e se recusava a declarar o fim da Monarquia; para ele, o que deveria ser mudado era apenas o Ministério, mas Pedro II deveria ser mantido no poder.
Isso durou até a tarde do dia 16, quando Deodoro foi informado de que Pedro II tinha convidado Silveira Martins para organizar o novo Ministério – com ele, Silveira, na chefia.
Quem era Silveira Martins?
Era um político gaúcho que transitava livremente entre as diferentes facções políticas; era rotulado de Liberal e mulherengo. Aliás, Deodoro se desentendeu com ele exatamente por causa de uma mulher.
Ao ser nomeado presidente da Província do Rio Grande do Sul, o marechal Deodoro se apaixonou pela Baronesa do Triunfo - que era uma gaúcha daquelas de parar o trânsito. Silveira Martins também estava apaixonado pela Baronesa e levou a melhor.
Numa cavalgada pelas terras da Baronesa, Silveira Martins caiu do cavalo e torceu o pé; ele ficou internado na casa da Baronesa até se recuperar e, depois disso, os dois estavam namorando. Sentindo-se preterido, Deodoro não perdoou Silveira Martins.
E, só assim, ao lembrar a dor-de-cotovelo, o marechal Deodoro decidiu por fim a Monarquia, pois não iria permitir o desafeto chefiando o Ministério de Pedro II.
Pedro II manteve a opção por Silveira Martins e perdeu o trono, mas, dizem que o imperador morreu sem saber o motivo do ódio de Deodoro pelo político gaúcho.
Mas, caros internautas, até hoje, 120 anos depois, a Monarquia ainda está presente na República brasileira. Por exemplo: as cores verde e amarela da Bandeira do Brasil não representam as nossas riquezas e as nossas matas, como nos ensinam; o verde e o amarelo da Bandeira do Brasil representam a união da Casa de Áustria com a Casa de Bragança – que nos deu a Princesa Leopoldina.