A violência disseminou-se na Capital alagoana e o pior é que já não surpreende nem leva à indignação, como antes.
É a banalização; um corpo estendido no chão não é uma vida ceifada, mas estatística. Uma vítima de assalto também se transforma em número – e, nem sempre, chega a ser inquérito policial porque a vítima não se importa mais com a queixa.
A maioria das vítimas concluiu não valer à pena prestar queixa e tem vários motivos para a descrença.
O grave é que, quando isso acontece, todos são levados ao silêncio maléfico; uma sociedade que não reage com indignação contra os males que lhe atinge, é porque perdeu a confiança.
Não há mais ninguém em Maceió que não tenha sido vítima da violência ou, pelo menos, não tenha um parente ou amigo vitimado. Esse é o consenso.
Matar e morrer; ser assaltado e assaltar são detalhes da vida urbana numa cidade que perdeu a inocência muito cedo e corre o risco de perder o rumo.
Mas, tudo isso é reflexo de erros acumulados; erros que vêm de governos que não cuidaram da prevenção.
Nos últimos 20 anos, a única indústria instalada em Maceió foi a fábrica de picolé Caicó; o desemprego não justifica o aumento da criminalidade, mas explica.
Nos últimos 20 anos, a segurança pública foi manipulada politicamente e se transformou numa urna eleitoral disputadíssima.
Nos últimos 20 anos, a estrutura policial do Estado se dividiu em facções; e essa divisão levou ao surgimento de policiais envolvidos com os crimes que deveriam combater.
Nos últimos 20 anos, o crime se organizou e se disseminou de uma forma que quase não há mais exceção.
Nos últimos 20 anos, o Estado de Alagoas foi desgovernado e a conseqüência não poderia ser outra.