O prefeito Cícero Almeida não conhece a música Roda Viva, do extraordinário Chico Buarque de Hollanda, e se conhece não a levou em conta para a vida prática. A música diz assim:

Tem dia que a gente se sente
Como quem partiu ou morreu
A gente estancou de repente
Ou foi o mundo então que cresceu

A gente quer ter voz ativa
No nosso destino mandar
Mas, eis que chega a Roda Viva
E carrega o destino pra lá

Pois bem; a roda viva carregou o destino de Cícero Almeida, de ser governador, para as mãos do empresário João Lyra – que ele traiu.

Aliás, o rosário de traições de Cícero Almeida é mais que uma novena. Começou com Geraldo Sampaio, seu padrinho político; tudo o que Almeida é hoje deve a Geraldo Sampaio – que lhe abriu as portas para o sucesso.

A história e a ira divina são cruéis com os infiéis; Almeida humilhou a vice-prefeita Lourdinha Lyra e ignorou o pai dela, mesmo depois de tudo que João Lyra fez por ele na primeira campanha para prefeito.

Agora, Almeida se vê diante da realidade da roda vida. Muito bem nas pesquisas para o governo do Estado, ele terá de se afastar em março e entregar a prefeitura a Lourinha Lyra. Mas, está indeciso porque sabe o que fez e teme a represália natural contra os infiéis.

Almeida mandou um emissário sondar João Lyra e o empresário impôs condições para apoiar sua candidatura ao governo do Estado. As condições impostas por João Lyra são o combustível da roda viva.

E agora?