O deputado federal Jair Bolsonaro (PP-RJ) chama a atenção pela sinceridade no relacionamento dentro e fora da Câmara. Figura esguia, cabelos lisos, atraiu contra ele a ira da esquerda – que teme enfrentá-lo; e da direita – que também é alvo das suas críticas ácidas.

Oficial do Exército da Arma de Artilharia e com curso de Paraquedista, Bolsonaro está sempre sozinho. Já fizeram de tudo para pegá-lo num deslize; já vasculharam sua vida como quem separa grãos e nada encontraram.

E já está no quinto mandato. Pense!

A única falta que encontraram foi 15 dias de prisão, em 1986, por ter se rebelado contra os baixos soldos da tropa. E só.

Quando Bolsonaro ocupa a tribuna da Câmara as taquigrafas se agitam; elas sabem que terão de transcrever coisas que não são comuns de se ouvir. Por exemplo: chamar o presidente Lula de homossexual ativo e a ministra Dilma Rouseff de técnica em assalto a bancos e furtos.

Ou ainda: queixar-se do golpe de 1964 por não ter fuzilado os políticos corruptos, começando por Fernando Henrique Cardoso – e isto dito quando FHC era presidente da República.

E dizer que o golpe de 64 foi uma ditadura de merda porque só matou uns 300, enquanto a ditadura de Fidel Castro matou 17 mil em Cuba.

Fala isso com tanta firmeza e determinação que deixa os ouvintes boquiabertos. E quando um repórter perguntou se ele não tinha medo de ser cassado, Bolsonaro respondeu:

- Ninguém aqui tem autoridade moral para me cassar.

E, até agora, não tem tido mesmo. Esta semana, a Corregedoria da Câmara arquivou os oito processos contra ele.