Existem seis reservas de sal-gema no Brasil, consideradas de alto teor e valor comercial. São elas: Nova Olinda, no Amazonas; Itaituba, no Pará; Luiz Correia, no Piauí; Vera Cruz, na Bahia; Rosário do Catete, em Sergipe e Maceió.
As minas alagoanas têm a peculiaridade de estarem localizadas na Capital; se estendem do Mutange para o Norte até Riacho Doce e possuem o maior teor de pureza; é a melhor das seis, com 99% de cloreto de sódio puro.
O 1% restante é composto de magnésio e ferro. As minas de sal-gema em Maceió estão localizadas a mil metros de profundidade e têm a espessura de 100 metros. Chegam à indústria por dutos no subsolo do Mutante ao Pontal da Barra. - que significa: não paga frete. A Braskem tritura o sal-gema e bombeia água da lagoa; depois é só correr para o abraço, ou melhor, para o Pontal esperar a matéria-prima chegar na carona da água da lagoa – que é devolvida.
Alagoas produz sal-gema de primeira qualidade. Submetida à hidrólise, o sal-gema se decompõe em cloro e este, misturado com eteno, se transforma na matéria-prima básica para produção de elastômeros (borracha de todo tipo, inclusive butílica ou silicone), solvente para lavagem a seco, desengraxante industrial, fungicidas para tintas e sementes e até na produção de vitamina C.
Tem outro detalhe: Alagoas produz eteno do álcool. Isto levaria à conclusão de que, nessas condições por demais favoráveis, o Estado tem o seu pólo cloro industrial!
Agora tenha.
E sabem por que não tem? Não é por culpa apenas dos políticos. Em 1981, quando lutava para obter o pólo para Alagoas, o governador Guilherme Palmeira recebeu das mãos do ministro da Indústria e Comércio, Camilo Pena, um documento. O ministro disse para o Guilherme:
- Governador: recebi esse documento assinado por um movimento lá de Maceió mesmo, denunciando que o pólo de vocês foi construído sobre um mangue.
O documento estava anexado no arrazoado do governo do Rio Grande do Sul, que pleiteava também um pólo cloro-químico, e condenava a proposta de Alagoas baseado na denuncia caluniosa - que foi produzido por um grupo de alagoanos, falsos militantes ecológicos – que, se não fizeram por dinheiro, então fizeram uso do tema em benefício político-eleitoral.
Uns patifes jeitosos, desses que não se parecem patifes, todos bem-relacionados, educados e com discursos comovedores. Parecem preocupados com o planeta, mas é só na aparência.
Estão todos calados hoje. A maioria da sociedade alagoana não sabe, mas o pólo químico que esses patifes jeitosos impediram Alagoas de instalar, na década de 80, hoje é um depósito de lixo químico que vem da Bahia – e, quem sabe, de outras terras também.
Na questão do estaleiro em Coruripe me veio o filme e pensei: os patifes jeitosos estão voltando.
Ainda bem que a motivação – salvo engano – é outra. Os patifes jeitosos se movem agora de olho na grana do megaempresário German Eformovich. E, na condição de quem começou a trabalhar como professor de Matemática, Germam sabe muito bem que a multiplicação é o talento e a divisão é a sabedoria.
Êita Alagoas! O homem ainda nem chegou e já foi assaltado!
Mas, como dizia o mestre Marreco: eu não qiero saber quem pintou a zebra. Eu quero é o resto da tinta pra pintar outra todinha de preto e branco.
Gente! Deixem o homem do estaleiro navegar em paz...