Dos helicópteros do governo Lessa voa-se direto para os navios do governo Téo. O anúncio da instalação do estaleiro em Alagoas levou muita gente a olhar pelo retrovisor e lembrar que já instalaram uma fábrica de helicópteros no Estado – que ninguém sabe onde fica.

Será a repetição do filme – que não vale a pena ver de novo?

Parece que não; pelo que consegui levantar os navios do Téo são diferentes dos helicópteros do governo Lessa, e não é apenas porque um navega e outro voa. É também porque um é  projeto de verdade; o outro foi devaneio.

O estaleiro será instalado e representará o maior investimento em Alagoas, depois da Salgema – que virou Trikem e hoje é Braskem. Nos últimos 50 anos, o Estado só perdeu; a Comesa, do Grupo Gerdau, instalada em Atalaia fechou as portas em 96. O Grupo Gerdau dividiu a Comesa em duas e reforçou suas unidades industriais em Fortaleza e Recife.

Com investimento de R$ 1 bilhão, o estaleiro também vai produzir plataformas para exploração de petróleo. Está aí, com as plataformas, o grande filão e o governador Téo Vilela não escolheu Coruripe por acaso.

De Roteiro até Piaçabuçu existem 37 concessões para prospecção de petróleo já aprovadas e licitadas. Negócio bom é assim: o empresário German Efromivich sabe onde estar pisando ao se instalar em Coruripe: a clientela das plataformas e navios é vizinha. E o governador Téo Vilela sabe que local melhor que Coruripe não há.

Tem a terra, tem o capital e agora falta o trabalho para colocar o projeto para funcionar. Dizem que serão gerados quase 5 mil empregos - que acho muito, mas pelo mínimo que seja já é suficiente para amenizar o grave problema do desemprego.

Interessante é que Alagoas volta ao passado; até a década de 50 haviam dezenas de estaleiros instalados de um extremo a outro do litoral alagoano. Usava-se a madeira – que foi minguando com o desmatamento para plantio da cana-de-açúcar e o uso predatório. Os estaleiros faliram.

E vai ressurgir agora moderno, com o aço substituindo a madeira. Alagoas vai voltar a ver navios!

Literalmente.