Ao servir de mensageiro para tentar restabelecer a harmonia entre os Poderes Legislativo e Judiciário, o desembargador Tutmés Airan levantou a suspeita de que algo estava sendo tramado no Tribunal de Justiça contra a desobediência da Mesa Diretora – que deixou de cumprir a sentença do desembargador Orlando Manso para afastar o deputado Cícero Ferro, réu no inquérito que apura o assassinato do vereador Fernando Aldo.
Foi por isso que Ferro pediu a licença de 30 dias; ele não está doente e a licença é, na verdade, a tentativa de se prevenir diante da hipótese do pedido de intervenção na Assembléia ser acatado pelo Supremo Tribunal Federal.
Com o personagem principal do imbróglio jurídico afastado devido a licença, a intervenção se tornaria inoportuna e ineficiente – uma vez que a eficiência seria para afastar quem já está afastado, ainda que por licença médica.
Mas, os deputados não imaginavam que viesse a decisão radical do desembargador Orlando Manso decretando a prisão da Mesa Diretora; isto, em nenhum momento, os deputados desconfiaram nem mesmo nas conversas com o desembargador Tutmés Airan – até porque, o desembargador Orlando Manso não comentou com ninguém sobre a decisão monocrática.
Nem mesmo quando os desembargadores discutiam entre si a desobediência da Assembléia Legislativa e alguém sugeriu a medida extrema, o desembargador Orlando Manso demonstrou que iria acatá-la. Mas, apesar de todo o cuidado; apesar de não comentar com ninguém, Manso se surpreendeu com o vazamento da notícia.
- Se vazou foi na polícia – desabafou o desembargador.
O certo é que ao chegarem as residências dos deputados para cumprirem os mandados de prisões dos integrantes da Mesa Diretora, não havia ninguém. Todos os integrantes da Mesa viajaram e marcaram a mesma hora da viagem. Pense na coincidência!
Como a coincidência e o vazio não existem então alguém avisou mesmo: corram que a polícia vem aí