A reação do SBT contra a TV Alagoas não se deve ao rompimento unilateral do acordo de retransmissão da programação; essa é apenas a fachada. Na verdade, a reação é porque a mulher do Silvio Santos também inventou uma seita evangélica e, evidentemente, contava com a televisão alagoana para expandi-la.

Criar seitas evangélicas é o grande filão para quem quer ganhar dinheiro fácil. Com direito a isenção fiscal, essas seitas tem prosperado com ajuda do rádio e da televisão. Sem controle das autoridades, algumas delas servem também à lavagem de dinheiro – que é um negócio do Satanás feito em nome de Deus.

É um verdadeiro absurdo. As autoridades proíbem os jogos de azar e apreendem máquinas caça-níqueis, mas não há diferença com essas seitas – que jogam com os incautos, assim como a roleta dos cassinos. O agravante é que os cassinos não invadem a casa de ninguém, ao contrário dessas seitas – que estão na televisão manipulando o desespero das pessoas.

Numa madrugada dessas, por curiosidade, liguei a televisão para acompanhar a pregação de um pastor que, sem nenhum constrangimento, afirmava já ter realizado mais de 300 milagres. Pense na sacanagem! Jesus Cristo realizou menos de uma dúzia de milagres e esse pastor ultrapassou o filho de Deus e, pelo que afirma, vai ultrapassar também em milagres o total de gols marcados pelo Pelé, o Romário e o Vespa.

Os milagres desse pastor são variados; câncer de todos os tipos são extirpados apenas com uma oração. E tem mais:

Cego dos dois olhos hoje é piloto de motocross; surdo é fiscal para medir o índice de poluição sonora; mudo virou operador de telemarketing, cotó é campeão de sinuca e aleijado é campeão de maratona!

Estou preocupado porque o País pode perder um dos ícones do folclore nacional; se o Sacy Pererê aderir à seita vai ganhar a perna direita e, aí, perderá a identidade que lhe caracterizou na literatura infantil.

O pastor ainda não fez o milagre de transformar papel higiênico em dinheiro, e isso ele não faz porque prefere mesmo o papel moeda emitido pelo Banco Central. Claro, o pastor não é besta.

Besta é tu