Xequerê, agogô, ganguê, alfaia e caixa. Os nomes podem soar esquisitos aos ouvidos da maioria das pessoas, mas os sons produzidos por eles são comuns, reconhecidos especialmente no Nordeste. Em Alagoas, eles são os instrumentos responsáveis pela junção do maracatu com os folguedos alagoanos, mistura que tem dado certo.

Os nomes estranhos são de instrumentos de percussão que possuem, em sua maioria, origem africana, e que não sofreram evolução, continuam sendo confeccionados com madeira, peles de animais, sementes e cordas.

O Xequerê, também conhecido como abê, produz som graças ao contato das sementes (miçangas) com a cabaça. É um instrumento que dá o molejo ao som e possibilita que o percussionista se movimente, dance, enquanto toca. “As sementes são presas em uma espécie de rede que, quando é balançada, provoca um atrito na cabaça, o que produz o som”, afirma o maestro Almir Medeiros.

“O amarro da rede e o tipo de miçanga faz mudar o som”, completa o coordenador artístico-cultural do Maracatu Baque Alagoano, Pablo Young Salgueiro.

Assim como o xequerê, a alfaia também é um instrumento rudimentar. É uma espécie de tambor cuja afinação é feita à base de cordas, que na medida em que são apertadas, variam os sons produzidos.

O agogô e o ganguê são instrumentos parecidos, mas que produzem sons diferenciados. Responsáveis pela marcação do som, eles possuem formato semelhante ao de sinos e são tocados com um tipo de baqueta. Conforme explica o maestro Almir Medeiros, o agogô já foi muito utilizado em músicas de forró. “Se você pegar as músicas de Luiz Gonzaga o som do agogô vai estar lá”, conta.

Outra espécie de tambor é a caixa, que carrega consigo o título de instrumento militar. “É o mais disseminado de todos esses instrumentos percussivos. Hoje, a caixa é usados em grupos folclóricos, em bandas de pífanos e em bateria de escola de samba, por exemplo”, cita o maestro.

Pablo Salgueiro conta que esses instrumentos estão sendo utilizados pelo grupo Baque Alagoano para dar visibilidade aos folguedos do Estado, que estavam esquecidos. “É um som bastante diferenciado. A mistura do maracatu com os folguedos típicos de Alagoas é o que caracteriza o nosso som. Queremos colocar os folguedos em evidência”, afirma Pablo.

O Maracatu Baque Alagoano é composto atualmente por 47 membros, que ensaiam todos os sábados, a partir das 15h, na Praça Marcílio Dias, em Jaraguá. Com um repertório composto por 17 músicas, o grupo tem chamado a atenção de nativos e turistas que se dirigem e movimentam o bairro de Jaraguá aos sábados, para ver o ensaio do Baque.