Sem o destempero das entrevistas anteriores e, surpreendentemente, justificando o endividamento com exemplos nas necessidades do cidadão comum, o ex-governador Ronaldo Lessa não pareceu o ex-governador Ronaldo Lessa ao falar na manhã desta terça-feira no programa do França Moura.

Citou até o presidente da França, Sarkosi, para dizer que o País estava se endividando para comprar aviões de guerra. Disse isto para justificar o endividamento público e até privado:

- Hoje, se você for verificar, todo mundo está devendo. O cidadão comum está devendo, todo mundo deve. Esta é a verdade.

Lessa falou sobre dívida porque a ex-secretária Fernando Vilela reafirmou o rombo herdado de R$ 500 milhões, dos quais o governo Téo Vilela já pagou R$ 400 milhões. O ex-governador negou o tempo todo ter deixado o rombo, mas, na entrevista ao França Moura não negou mais – pelo contrário, procurou justificar o endividamento do Estado.

Quando Lessa assumiu o governo, o Estado devia R$ 2 bilhões; hoje deve mais de R$ 7 bilhões. Mas, o ex-governador empurrou a culpa pelo rombo para trás, ao lembrar os empréstimos tomados no governo Suruagy-Mano e a emissão das Letras Financeiras do Estado.

Sobre o rombo de R$ 500 milhões não negou a existência, mas transferiu a origem; Lessa se eximiu de culpa afirmando que passou o governo para o vice. Luiz Abílio, ou seja, a culpa é de Luiz Abílio – que Lessa disse estar defendendo naquela entrevista.

Não sei; só sei que foi assim: se as contas públicas estivessem regularizadas, Alagoas não seria o último Estado autorizado a contratar empréstimo junto Banco Mundial. Somente agora, com as contas pagas e as finanças saneadas é que o Estado teve autorização para pegar a grana que o Banco Mundial empresta aos Estados – mas, somente aqueles administrados com responsabilidade.

Quer dizer, então, que antes o Estado era governado irresponsavelmente? É o que eles dizem.