Pronto! Acharam o culpado pela violência desenfreada e a inoperância da segurança pública: é a militarização da polícia. A partir de agora, sem a militarização da polícia, a sociedade terá mais segurança e a violência estará sob controle.
Agora seja!
É verdade que o modelo policial brasileiro é arcaico; é verdade que esse modelo está baseado num sistema de governo policialesco, que vem da guerra fria. O comunismo, que na verdade nunca existiu acabou e o modelo permaneceu; o inimigo comunista superdimensionado foi domado e o alvo passou a ser o crime comum, o tráfico - que só aumentou nos últimos anos; e os assaltantes de bancos - que os comunistas organizaram na cadeia, quando foram colocados em celas com presos comuns.
Viva o Brasil varonil! A nova polícia que surgiu da recente reunião do Conselho Nacional de Segurança Pública será uma polícia com todos os direitos, inclusive de ser polícia política, com filiação partidária devidamente reconhecida; e uma polícia ativista, no sentido de fazer greve quando quiser.
Já pensou? O cidadão vai ligar para o Copom pedindo socorro e ouvirá aquela voz de locutor de aeroporto informar:
- Você ligou para um, nove, zero. No momento não podemos atender o seu chamado porque estamos em greve.
Um incêndio de proporções catastróficas, e o cidadão vai ligar para o Corpo de Bombeiros e ouvirá a mesma voz repetir o refrão da greve. Ou,então, avisar que não pode deslocar a escada Magirus porque o pessoal do piquete furou os pneus da viatura.
Não haverá mais coronel nem soldado; todos agora serão iguais perante a nova polícia que vem por aí com todo gás - e não é mais só gás lacrimogêneo. Arrisco a adiantar que já existe até pauta para a primeira greve dessa nova polícia: será em defesa da equiparação dos salários com os policiais do Distrito Federal.
E, enquanto a nova polícia estiver em greve, alguém estará gritando em vão por socorro. E de um beco escuro qualquer, de onde explode a violência, a Marcha Fúnebre fará o fundo musical para o lamento gemido que vem de Catolé do Rocha e de todas as partes.
Bala, bala,bala/
Tem uma bala no meu corpo/
Bala, bala, bala/
Só não é bala de coco/