Até 600 anos antes de Cristo, o mundo adorava vários deuses. E eram muitos, pois cada povo tinha os seus deuses, daí a célebre sentença de Plutarco:

- Na face da terra você pode encontrar povo vivendo em cidade sem lei, sem saneamento e sem justiça regulamentada. Mas, não encontrará povo algum sem conhecimento dos deuses.

E isto era bom?

Do ponto de vista da satisfação pessoal era sim, mas, para a política não. Do ponto de vista econômico e militar, por exemplo, era trágico para os governantes. Quando um país invadia o outro era o maior problema para controlar o povo invadido, porque o deus dele não era o mesmo deus do invasor.

Sabe-se perfeitamente que um povo se domina pelas armas, pela economia e pela cultura. O país invasor tinha as armas e a economia, mas a cultura, especialmente a crença religiosa, era diferente.

Daí, a grande sacada de Zoroastro, que também é conhecido como Zaratrusta, que governou a Pérsia no século 6 antes de Cristo. Ele impôs a reforma religiosa estabelecendo o culto ao deus único.

Zoroastro dizia que havia apenas um só deus, princípio do bem, que lutava permanentemente contra o mal. E caberia às pessoas ajudarem deus a vencer o mal praticando apenas o bem. O princípio monoteísta de Zoroastro permanece até hoje porque facilitou a economia e as intervenções militares.

Na Bíblia, Abrahão consagrou o monoteísmo de Zoroastro e é considerado o pai do Cristianismo, do Judaísmo e do Islamismo. O Cristianismo se dividiu porque um frei chamado Martinho Lutero, revoltado porque sua ordem religiosa foi preterida pelo papa para arrecadar o dinheiro da indulgência, rompeu com o Vaticano e criou o protestantismo.

Se o papa tivesse escolhido a ordem religiosa do frei Lutero, não teria havido o cisma na Igreja Católica – que levou às seitas evangélicas que proliferam hoje.

Mas, a peleja está longe de terminar porque a religião é política e política é negócio. E negócio rende dinheiro e dinheiro quanto mais, melhor.

Sendo assim, depois do espetáculo no Senado, a sociedade acompanha agora a briga entre católicos e evangélicos no Congresso Nacional. Os evangélicos estão enfurecidos com o tratado assinado pelo governo brasileiro com o Vaticano – que eles, evangélicos, afirmam afrontar o princípio de Estado laico do Brasil.

Pelo tratado, aprovado por unanimidade na Câmara, o Vaticano conseguiu manter o vínculo não-empregatício entre religiosos e as instituições católicas; manteve o sigilo do ofício para sacerdotes e a imunidade tributária. E, também, conseguiu dispensar de visto diplomático os missionários estrangeiros católicos que venham atuar no Brasil.

Ainda que se possa fazer restrições à Santa Sé, é importante afirmar que o Vaticano é um Estado e, nessa condição, pode propor tratados e acordos com qualquer país. Diferentemente, os evangélicos pertencem a seitas – que ainda não se entenderam em relação a Deus.

Mas, caros internautas, eu pensava que a bancada dos evangélicos no Congresso Nacional estava lutando pela educação, pela saúde, pela segurança, enfim, pela salvação do povo brasileiro. Qual o quê?! Apesar da presença dos evangélicos, a política brasileira ficou mais nojenta do que antes.

E tudo isto porque religião é política, política é poder, poder dá dinheiro e dinheiro é bom demais.