O cantor e compositor Belchior faz parte de minha geração. Minha admiração por ele quadruplicou quando soube que estava sendo discriminado pela chamada esquerda brasileira – que é a esquerda mais velhaca, mais covarde e mais oportunista que existe.

Os patifes esquerdistas que discriminam Belchior baseiam-se na música Alucinação, que contém um dos versos mais perfeitos da literatura nacional.

Eu não estou interessado/
Em nenhuma teoria/
Em nenhuma fantasia/
Ou no algo mais/
Nem em tinta pro meu rosto/
...
A minha alucinação/
É suportar o dia-a-dia/
E meu delírio é experiência/
Com coisas reais/

Simplesmente divino. Trata-se de um tapa na cara safada dessa esquerda que apoiou a Nova República; que esqueceu os mártires que ela mesma mandou partir segurando no rabo do foguete.

Belchior está sumido e a notícia de seu sumiço, publicada no Fantástico domingo passado, ensejou especulações sobre seu paradeiro. Até o jornal londrino The Guardian divulgou que Belchior pode estar descansando em alguma praia do Nordeste brasileiro.

Tomara que seja verdade e tomara duas vezes; uma vez porque Belchior pode ter escolhido uma praia do litoral alagoano e a segunda vez porque não repetiu o caso do roqueiro britânico – que sumiu na mesma circunstância para nunca mais ser visto.

Belchior era o crítico que a esquerdinha brasileira sacana não admitia, porque não conseguiu cooptá-lo e, também, porque era (é) obrigada a conviver com suas críticas inteligentes. Enquanto a esquerdinha brasileira sacana pregava a revolução mentirosa, Belchior alfinetava:

Apesar de termos feitos o que fizemos/
Ainda somos os mesmos e vivemos/
Como nossos pais.

E, para sacanear a esquerdinha sacana, Balchior arrematava:

...Mas, se depois de cantar/
Você ainda quiser atirar/
Mate-me logo, à tarde, ás três/
Que a noite eu tenho compromisso e não posso faltar/
Por causa de vocês.

Grande Belchior. Tomara meu Deus tomara que o informante do blog esteja com a razão quando garantiu-me que Belchior está numa casa de praia no Litoral Norte de Alagoas.