O senador Eduardo Suplicy premeditou a cena em mais um espetáculo circense no Senado. No dia anterior conseguiu um cartão vermelho em Itu e o levou à tribuna do Senado para ilustrar o pedido de expulsão do presidente da Casa, senador José Sarney - que não estava em campo, digo, em plenário.

Suplicy é um excelente artista. Se o filho dele fosse tão bom artista quanto o pai; se o Supla tivesse no palco o mesmo desempenho que o pai tem na tribuna do Senado não seria o artista medíocre que é.

Mas, convenhamos, o cartão vermelho é pertinente e a alusão ao futebol mais ainda; o senador Suplicy apenas jogou para a platéia. A reação que parece ser espontânea é na verdade resultado de ensaios – Suplicy precisa ficar bem na foto; afinal, o que ele vai dizer em casa – e na rua, aos eleitores – quando chegar a Quarta-Feira de Cinzas?

Não me surpreenderia se descobrisse que Suplicy ensaiou com Sarney. O senador paulista deve ter dito ao senador maranhense do Amapá, que seu eleitorado não o perdoaria se ficasse ao largo do espetáculo circense. E mesmo constrangido, ele, Suplicy, tinha trazido o cartão vermelho para dar aparência de verdade à farsa da ação – que é a perfeita jogada para a platéia.

Há, contudo, de se entender perfeitamente essas posturas melodramáticas dos nossos políticos. Que País se desenvolveu e que sociedade evoluiu apenas pelo voto? Não há. E o Brasil não seria exceção.

Somos até um País com Parlamento atípico – que se reúne para investigar e punir os próprios pares. Pense!

O cartão vermelho e a encenação de Suplicy fazem parte do espetáculo que não pode parar. E a proposta do senador Demóstenes Torres não é menos hilária; imagine formar o Conselho de Ética que o senador do DEM propôs!

Nem mesmo com a bancada evangélica é possível encontrar os santos que o senador Demóstenes propõe nomear para o Conselho.